Nos mais de 20
anos de carreira como catadora de materiais recicláveis, Rosineide Moreira Dias
das Neves, a dona Rosa, se habituou à penosa rotina de percorrer as ruas do
Recife na missão de filtrar o que é reciclável do que é lixo nas calçadas,
tendo que enfrentar preconceito pelo caminho.
"Tem muita
gente que discrimina o que a gente faz. Acha que a gente é catador de lixo. Não
entende que não é lixo, é reciclagem", diz a pernambucana de 55 anos.
"A gente está tentando limpar o ambiente, mas a sociedade não vê."
Os périplos
incertos em busca de papelão, garrafas PET, latinhas de alumínio e outros
materiais estão dando lugar a viagens mais garantidas, na medida em que
aumentam os chamados de endereços certos para coletar materiais recicláveis -
em residências, escolas, lojas ou edifícios.
Desenvolvido
pela ONG Pimp My Carroça, do grafiteiro e ativista Mundano, de São Paulo, o
Cataki ganhou, em fevereiro, em Paris, o grande prêmio de inovação do Netexplo,
observatório que estuda o impacto social e econômico de tecnologias digitais e
premia as iniciativas consideradas mais inovadoras, em um fórum realizado em
parceria com a Unesco.
O aplicativo
indica os catadores de uma região em um mapa com ícones de carroças, o veículo
com que a maioria transporta os resíduos que coleta.
De acordo com a
ONG, os catadores são responsáveis pela coleta de 9 em cada 10 quilos de
material reciclado no país - mas não têm reconhecimento pelo papel que
desempenham. O Censo de 2010 identificou no Brasil, na época, cerca de 400 mil
catadores de materiais recicláveis.
O país gera
mais de 200 mil toneladas de lixo por dia, mas uma parcela pequena vai para
reciclagem - cerca de 13%, de acordo com o estudo do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea).
"Nosso
foco é que os catadores sejam reconhecidos como prestadores de um serviço
público, e que o aplicativo ajude a gerar mais renda para eles", diz Carol
Pires, coordenadora do Pimp My Carroça.
O aplicativo é
uma plataforma colaborativa sem fins lucrativos, e os valores para uma coleta
ficam a cargo da negociação entre as partes. Não há taxas para usar o app, mas
a recomendação é que o catador seja pago pelo serviço, diz Pires - de acordo
com a quantidade de material a ser coletado a distância a ser percorrida.
No aplicativo,
os ícones de carroças levam a um curto porém simpático perfil apresentando cada
catador, com foto, apelido, telefone, as áreas onde atua, os tipos de resíduos
que coleta e uma breve história de vida. Leia matéria completa no BBCBrasil.
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