terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Pássaros “checam” a informação antes de transmitir a seus vizinhos

Pesquisadores da Universidade de Montana, nos Estados Unidos, observaram que espécies diferentes de pássaros podem repassar informações entre si com o intuito de alertar sobre predadores. Essa habilidade foi descrita em um novo estudo, publicado na revista científica Nature a partir de um experimento. Nele, pássaros da espécie chapim-de-cabeça-preta serviam como informantes. Depois, exemplares de trepadeira-azul-do-canadá transmitiam o comunicado aos seus vizinhos. 

Os pássaros chapim possuem uma grande variedade de sons em seu vocabulário: são cerca de 50 diferentes. Entre eles, há avisos específicos para situações de perigo, fome ou até mesmo sobre seu status de relacionamento, uma forma de atrair as fêmeas. 
Ao avistar um predador, como uma coruja ou um gavião, chapins fazem um barulho repetitivo, que soa como “chickadee-dee-dee” – não à toa, chickadee é também seu nome popular em inglês. Quanto mais “dees”, maior o risco que a ameaça representa. 
O sinal é como uma convocação. Isso quer dizer que ele não tem a intenção de fazer com que os pássaros se escondam, mas sim que cantem ainda mais alto para irritar e afastar o animal indesejado. Esse comportamento invocado é chamado de mobbing. Nele, os pássaros ficam voando em direção ao predador, sem encostar nele, enquanto gritam de forma perturbadora. Sabe aquela sensação de quando alguém raspa a faca no prato? Pois é. Algo irritante assim pode ser suficiente para fazer um intruso voar para longe.
Ao ouvir o sinal, as trepadeiras-azuis-do-canadá se apressavam a repassar a informação aos semelhantes, avisando sobre a ameaça. Mas não pense que os bichos reagiam a qualquer sinal da mesma maneira. Apesar de transmitirem o alerta, o som era emitido em frequência diferente da que seria utilizada caso a própria espécie tivesse visto o invasor.
A técnica serve para avisar que a informação surgiu de um terceiro – e poderia, quem sabe, não ser 100% confiável. É como se as aves dissessem “estamos em alerta máximo e recebemos dos chapins que há algo por aí, mas não o verificamos”, explicou Erick Greene, pesquisador que integrou o estudo, em entrevista à National Geographic. (Super Interessante)

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