quarta-feira, 18 de março de 2020

Meu pai , o Chinavirus, e como vencer



Quando morava na roça aprendi com meu pai que uma das coisas mais difíceis era combater um incêndio. Então , todo período de seca ele tentava prevenir fazendo aceiros ( arrancar todo capim) até um metro na cerca. Assim, se houvesse um fogo na estrada porque alguém jogou um cigarro, ele não passava para o pasto. No entanto, às vezes, o vento levava o fogo, o pasto incendiava e tínhamos de apagar.

O incêndio já estava estabelecido, os aceiros não foram o bastante, nada havia a se fazer, agora era tentar reduzir os danos. Tirávamos o gado, estacas que estivessem guardadas por ali eram recolhidas no carro de boi, e íamos cortar o fogo. Fazíamos aceiros adiantes, até queimava lugares onde tivéssemos controle, e a depender do vento, e, se perto do Rio, deixávamos queimar até lá e ficávamos do outro lado combatendo para o fogo não pular.
A depender, até água , trazidas no burros se jogava, especialmente nos tocos para não ser novo foco, e por fim muitos trabalhadores com fechos de palhas de licuri íamos batendo no fogo, nas margens mais baixas. Digo a vcs que é um perigo. Tem hora que vem um calor do fogo e te imobiliza, é como se queimasse sua energia e vc fica imóvel incapaz de se defender dele. Às vezes você consegue sozinho, se afasta, recupera , retoma a palha, muda de posição e recomeça. Ás vezes, um companheiro tem de te puxar, por isso nunca é bom apagar um fogo desse sozinho.
Ás vezes, a tragédia fica linda a noite com a madeira ardendo na escuridão. E no dia seguinte era tudo outra vez, até o fogo acabar, pois, ele sempre acabava.
Eu sei que só temos palha de licuri para combatermos essa pandemia, mas ao menos, se tivermos um ao outro venceremos com certeza com o menor dano possível. Foi assim que aprendi com meu pai!

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