segunda-feira, 20 de julho de 2020

Mutações estão deixando o coronavírus mais infeccioso?

O coronavírus que está ameaçando o mundo no momento não é o mesmo que o coronavírus que surgiu pela primeira vez na China.
O Sars-Cov-2, o nome oficial do vírus que causa a doença covid-19 e que continua a abrir um caminho de destruição em todo o mundo, está mudando.
Mas, embora os cientistas tenham visto milhares de mutações ou alterações no material genético do vírus, apenas uma delas foi apontada como uma que possivelmente pode alterar seu comportamento.
As questões cruciais sobre essa mutação são: isso torna o vírus mais infeccioso — ou letal — em humanos? E poderia representar uma ameaça para o sucesso de uma futura vacina?

Na verdade, esse coronavírus está mudando muito lentamente em comparação com vírus semelhantes que causam gripe. Com níveis relativamente baixos de imunidade natural na população, sem vacina e poucos tratamentos eficazes, não há pressão para que o vírus se adapte. Até agora, este coronavírus está fazendo um "bom trabalho" em manter-se em circulação como está.
A mutação relevante — denominada D614G e situada na proteína que compõe a "ponta" do vírus usado para invadir nossas células — apareceu algum tempo após o surto inicial de Wuhan, provavelmente na Itália. Agora é visto em 97% das amostras em todo o mundo.

Evolução
A questão é se essa mutação está dando alguma vantagem ao vírus ou se é apenas por acaso.
Os vírus não têm um grande plano. Eles sofrem mutações constantemente e, embora algumas alterações ajudem a reprodução de um vírus, outras podem atrapalhá-la. Outras são simplesmente neutras. Eles são "um subproduto da replicação do vírus", diz Lucy van Dorp, da University College London, no Reino Unido. Eles "pegam carona" no vírus sem mudar seu comportamento.
A mutação que surgiu pode ter se espalhado muito apenas porque aconteceu no início do surto e se espalhou, algo conhecido como "efeito fundador". É isso que o Van Dorp e sua equipe acreditam ser a provável explicação para a mutação ser tão comum. Mas isso é cada vez mais controverso.
Um número crescente — talvez a maioria — de virologistas acredita agora, como explica o Thushan de Silva, da Universidade de Sheffield, que há dados suficientes para dizer que esta versão do vírus tem uma "vantagem seletiva" — uma vantagem evolutiva — sobre a versão anterior.
Embora ainda não haja evidências suficientes para dizer que essa versão "é mais transmissível" nas pessoas, o pesquisador diz ter certeza de que a mutação "não é neutra".
Quando estudados em condições de laboratório, o vírus mutante foi melhor na entrada de células humanas do que aquelas sem variação, dizem os professores Hyeryun Choe e Michael Farzan, da Universidade Scripps, na Flórida. Alterações na proteína "spike" que o vírus usa para se prender às células humanas parecem permitir que "se grude melhor e funcione com mais eficiência".
Mas para por aí.
Farzan diz que as proteínas "spike" desses vírus eram diferentes de uma maneira "consistente com, mas não provando, maior transmissibilidade".  Leia matéria completa no BBC News Brasil.


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