domingo, 13 de setembro de 2020

A Feira que precisamos

Todo saudosista como eu, nascido no Dom Pedro, é morador da Santana dos Olhos D’água- nome que nunca deveria ter sido mudado-, e ainda tange tropas de burros imaginários na poeira das ruas, nos Campos de Gado, e compra na Feira Livre, sem doenças, pois, a Feira que existe é a que  demoliu a Feira que foi para construir a Feira que não sabe se será.  Continua sendo a Feira que junta- mais de 700.00 habitantes-, a Feira que incha, a Feira que cresce no tumulto, mas também é a Feira que carece. E carece de muito.

Carece de zelo, não o zelo básico, mas o de quem faz o que tem de ser feito pela urbanidade, com eficiência, esmero, e acabamento. A ligeireza, a falta de cuidado, está testemunhado em muitas ruas, na ocupação urbana sem plano, em cada poste mal situado,  nas calçadas perigosas e destruídas, na falta de sinalização, nos pontos de ônibus indignos, nas bocas de lobos abismais, em feiura que deprime. E a gente fica com inveja do que tem sido feito na terra dos outros, na Praça do Mercado Modelo, Praça Castro Alves, ou Praça de Itapuã, diante de nossas praças de projetos tão burocráticos, desprovidas de acolhimento, cor, ou personalidade.

Carece de árvores, e de sombras, pois, estamos muito aquém do recomendado,  o que aumenta a temperatura e o desconforto,  afinal, sempre fingimos mais que plantamos, as árvores necessárias. Carecemos de parques, diversos, seguros, pois, representam o alívio, a leveza, o exercício, que reduz lesões no coração, a obesidade, o envelhecimento, e o endurecimento da alma. Para isso, carecemos de coragem, determinação, para preservarmos nossas lagoas- Salgada, Subaé, e tantos mais-, pois, elas serão a ternura dos tempos de dureza e a garantia da escassez, no futuro. E temos perdido ano a ano,  essa batalha, já que costumam morrer de invasão continuada,  intervenções comerciais,  pela cumplicidade dos ocupantes do poder em seu desprezo ambiental.

Carecemos de representação e voz, porque é inacreditável que tenhamos um Contorno tão degradado, mesmo sabendo que é por essa Feira que tudo passa. Carecemos que o governo federal duplique nosso acesso, nos dê o campus da Universidade Federal, uma Delegacia, ampla, da Polícia Federal, e investimentos.

Carecemos de uma educação maior que a mesmice repetitiva que não nos move no IDEB, exame após exame, e condena as próximas gerações a serem mão de obra desqualificada, que afasta empregos; e de uma saúde plena com começo, meio, e fim, afinal, é gigante nossa expansão imobiliária, e os serviços precisam se expandir.

Carecemos de ser Princesa aos olhos do Estado, e que ele nos dê a região metropolitana, vigor a UEFS, o aeroporto- atualmente submisso ao funcionamento do 2 de julho, em Salvador-, um Complexo Policial e Detran, que não estejam em ruínas, e apoio a expansão industrial.

Carecemos que a Cultura tenha voz alta, que o Centro de Abastecimento não morra. Que tudo que ficou tardio, seja adiantado; que tudo que ficou incompleto, seja terminado; que tudo que foi desordem e acordo, seja ajustado;  pois, se assim não o for, continuaremos sendo os mesmos e vivendo, atrás dos burros,  como nossos ancestrais.

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