sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Aniversário da Princesa

 

Hoje vamos dar continuidade as publicações em comemoração ao aniversário de Feira de Santana, que ocorrerá no próximo dia 18, falando de um dos seus mais ilustres filhos. Podemos dizer que a Princesa deve muito a esse homem que a transformou. O ex-prefeito, ex-governador e senador, João Durval Carneiro. 

Com João Durval a Princesa deu um salto para o futuro

João Durval Carneiro, que fora eleito vereador em 1954, foi eleito prefeito em 1967, e seu governo pode ser considerado um divisor de águas para a economia de Feira de Santana, assim como o foi o de João Marinho Falcão, cerca de 12 anos antes. Em que pese o fato do prefeito ter como aliado o governador Luiz Viana Filho, que muito fez por Feira de Santana, Durval fez um bom governo. Entre as grandes obras e ações suas, destaca-se a criação do Centro Industrial do Subaé, que viria a transformar a economia do município, até então somente baseada no comercio e na agropecuária.

         João Durval foi eleito em 1966, pela Arena, e tomou posse em abril de 1967. Esse pleito inaugurou a era do bipartidarismo, implantado pela ditadura militar. A Aliança Renovadora Nacional (Arena) dava sustentação ao Governo Militar e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) abrigava os políticos de oposição, inclusive os comunistas que haviam caído na clandestinidade.

        


Em 1968 João Durval ampliou a estrutura administrativa implantada por Francisco Pinto. Foi assim que surgiram o Escritório de Planejamento Integrado (EPI), o Serviço Jurídico e Departamento de Relações Públicas, (hoje Secom). Também foram criadas duas autarquias, a Superintendência de Desenvolvimento de Feira de Santana (Surfeira) e, a mais importante delas, o Centro Industrial do Subaé (CIS) para coordenar a implantação e expansão do Distrito Industrial criado por ele com recursos da venda de ações da Petrobrás que a Prefeitura havia adquirido na gestão de Almachio Boaventura.

         A visão futurista de João Durval foi vista com desconfiança até mesmo por correligionários seus. Quando ele começou a doar terrenos às margens da BR-324, para que indústrias do Sul do País pudessem vir se instalar em Feira de Santana, houve até quem dissesse que ele estaria maluco. Além dos terrenos, Durval brindava ainda com 10 anos de isenção de impostos, qualquer indústria que aqui viesse se estabelecer.

         Foi assim que chegaram para Feira de Santana filiais de grandes indústrias como a Phebo do Nordeste, Válvulas Schrader, Química Geral do Nordeste, Pneus Tropical (Hoje Pirelli), e Peterco do Nordeste, entre outras. É verdade que, vencido o prazo de isenção de impostos, a maioria dessas indústrias fechou as suas portas. Mas, foi a partir daí que pequenos industriais locais se animaram a investir mais, saindo dos seus barracos e fundos de quintais e se estabelecer em galpões do CIS que hoje está consolidado, dividido em dois núcleos. Além do da BR-324, surgiu o do bairro do Tomba.

 O apoio do Governo do Estado

A autarquia criada por Durval, o CIS, saiu da esfera Municipal e passou a ser administrada pelo Estado. O fechamento das grandes indústrias causou um impacto inicial entre os remanescentes que ficaram temerosos pelo futuro do Distrito Industrial. Superada esta fase, o CIS passou a crescer, novas indústrias foram implantadas, e hoje a indústria junto com o comercio, são os dois grandes pilares da economia de Feira de Santana.

        


Conforme já foi dito, o governador Luiz Viana Filho, de quem Durval era aliado, muito fez por Feira de Santana. Foi no seu governo que o município recebeu água do rio Paraguaçu, energia elétrica da Usina de Paulo Afonso, e o conjunto habitacional do trabalhador (Cidade Nova), com 1.600 unidades. Na área da Educação, o governador Luiz Viana Filho construiu o Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand, implantou a Faculdade Estadual de Educação (onde hoje funciona o Cuca) e assinou a lei que criou a Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Foi ele também quem implantou a Delegacia Escolar do Município.

         Durante o governo de Durval a cidade viu surgir a Telefeira, companhia telefônica fundada por empresários locais, foi inaugurada a rádio Carioca (hoje Rádio Povo) e foram implantados ainda o Serviço Nacional da Industria (Senai) e o 35º Batalhão de Infantaria.

 Vida pública

    
João Durval Carneiro nasceu em Feira de Santana, em 8 de maio de 1929, no distrito de Gameleira (que depois foi chamado de Ipuaçu, e hoje leva o seu nome). Formado em Odontologia pela UFBA em 1953, exerceu a profissão até ingressar na carreira política. Casado com Yeda Barradas Carneiro, o casal teve sete filhos. V
ereador em sua cidade natal, em 1954 e 1958, assumiu a presidência da Câmara de Vereadores, sendo então prefeito interino, já que não havia o cargo de vice-prefeito na época. Derrotado na disputa pela prefeitura em 1962, tentou novamente em 1966, com êxito.

Eleito seguidamente deputado federal em 1974 e 1978, em seu segundo mandato foi Secretário de Saneamento e Recursos Hídricos no segundo governo de Antônio Carlos Magalhães, cargo que exerceu de 15 de março de 1979 a 4 de abril de 1982. Seria candidato ao terceiro mandato de deputado federal em 1982, porém substituiu Clériston Andrade, que havia falecido, como candidato do PDS para suceder Antônio Carlos Magalhães no governo. Foi eleito com 60% do votos. Nas eleições de 1986 apoiou Josaphat Marinho para sucedê-lo, mas foi derrotado por Waldir Pires por larga margem. Inicia-se o desentendimento com Antônio Carlos.

Já no PMN, é novamente eleito prefeito de Feira de Santana em 1992, e renunciou no início de 1994 para disputar o governo do Estado, sendo derrotado no 2º turno para Paulo Souto. Pelo PDT nova tentativa ao governo baiano e nova derrota em 1998. Mesmo resultado em 2002 quando concorreu ao Senado. Em 2006 foi eleito Senador. Aposentou-se da vida pública e hoje, aos 91 anos, vive em Feira de Santana e apoia Colbert Martins Filho (MDB), filho do seu antigo adversário, e que disputa o cargo de prefeito nas eleições de novembro próximo.

 

 

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