sábado, 14 de novembro de 2020

A tensão em Bolsonaro e as Forças Armadas

Dizem que toda vez que uma mulher precisa explicar que ela é uma dama, ela já não é. Mais uma vez as Forças Armadas vem a público esclarecer que não tem vocação política e alertam para um risco da contaminação das Forças pelo vírus do poder. Millor costumava dizer que o poder era um camaleão ao contrário: ao chegar lá todos tomavam a cor dele. Já escrevemos em outros oportunidades sobre o risco da militarização do governo. Quando são uns poucos generais de reserva é possível manter o distanciamento, mas quanto mais militares estiverem no poder, mais difícil evitar que isso pese sobre as Forças Armadas

"Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar nos quartéis", disse o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol, numa live.
 
O presidente Bolsonaro, que anda em evidente tensão com a derrota de Trump nos EUA, que o fragiliza sem dúvida, e com o cerco se fechando ao redor das rachadinhas do Senador Flávio Bolsonaro, afirmou que concorda com essa tese e que elas estão sob seu comando.
 
A celeuma tornou-se mais evidente após o presidente expor as Forças Armadas dizendo que após o fim da diplomacia só restava a pólvora, em enfretamento aos EUA, na questão amazônica.  Claro que ninguém pode compactuar com tamanha loucura, mas isso obrigou o comandante a fazer uma nova afirmação a esse respeito.
 
As tensões devem se agravar sobre o governo a medida que se aproxima a nova eleição já que Bolsonaro depende, agora, exclusivamente do desempenho da economia, impactada pela pandemia que ensaia a segunda onda. 
 
Avançando, como projeta o Itaú, para um PIB de 4,1% ele ganha chance de sobrevida; de continuar capegando como está Bolsonaro apostará no radicalismo, e ninguém sabe como será.

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