Dizem que toda vez que uma mulher precisa explicar que ela é uma dama,
ela já não é. Mais uma vez as Forças Armadas vem a público esclarecer
que não tem vocação política e alertam para um risco da contaminação das
Forças pelo vírus do poder. Millor costumava dizer que o poder era um
camaleão ao contrário: ao chegar lá todos tomavam a cor dele. Já
escrevemos em outros oportunidades sobre o risco da militarização do
governo. Quando são uns poucos generais de reserva é possível manter o
distanciamento, mas quanto mais militares estiverem no poder, mais
difícil evitar que isso pese sobre as Forças Armadas.
"Não queremos fazer parte da política, muito menos deixar ela entrar
nos quartéis", disse o comandante do Exército, general Edson Leal Pujol,
numa live.
O presidente Bolsonaro, que anda em evidente tensão com a derrota de
Trump nos EUA, que o fragiliza sem dúvida, e com o cerco se fechando ao
redor das rachadinhas do Senador Flávio Bolsonaro, afirmou que concorda
com essa tese e que elas estão sob seu comando.
A celeuma tornou-se mais evidente após o presidente expor as Forças
Armadas dizendo que após o fim da diplomacia só restava a pólvora, em
enfretamento aos EUA, na questão amazônica. Claro que ninguém pode
compactuar com tamanha loucura, mas isso obrigou o comandante a fazer
uma nova afirmação a esse respeito.
As tensões devem se agravar sobre o governo a medida que se aproxima a
nova eleição já que Bolsonaro depende, agora, exclusivamente do
desempenho da economia, impactada pela pandemia que ensaia a segunda
onda.
Avançando, como projeta o Itaú, para um PIB de 4,1% ele ganha chance de
sobrevida; de continuar capegando como está Bolsonaro apostará no
radicalismo, e ninguém sabe como será.
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