Filósofo, benquisto por gregos e troianos o professor Humberto Mascarenhas era uma dessas figuras humanas que não podendo ser eternas, já que isso é impossível, como um bom inquilino deveria voltar repetidas vezes para ficar entre nós nesta morada terrestre, às vezes tão questionada, mas na maioria das vezes desejada e ansiada. Era afável, inteligente, educado, preparado. Tinha contra si apenas o fato de ser filiado ao Partido Comunista o que, remotamente, representava algo inconcebível, até monstruoso, desconhecendo-se os valores íntimos do cidadão.
Proprietário de uma livraria e ocupando um cargo na administração municipal, ligado ao que seria o futuro Centro Industrial era sempre procurado por jornalistas e radialistas até porque além de responder sobre assunto de relevância, tinha uma forma agradável de tratá-los.
Numa dessas oportunidades, quando o assunto era o setor fabril que começava a deslanchar na cidade princesa, um arguto repórter talvez por falta de assunto ou mais provavelmente para provoca-lo, saiu do fio da meada e questionou: “Professor, dizem que naquela época comunista comia criancinha, e agora o senhor ainda come crianças?” e Humberto Mascarenhas risonho sem titubear: “Não, hoje eu como qualquer coisa!”.
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