Histórias da Princesa

        

Ensino público e particular. Qual é o melhor?

Em todo o Brasil o ensino público perdeu qualidade por conta do descaso dos governantes para com a Educação. Professores mal pagos, despreparados e desmotivados, e escolas mal equipadas, abriram espaço para a proliferação de escolas e faculdades particulares que nem sempre focam no ensino e aprendizado, visando apenas o lucro. Em Feira de Santana não foi diferente e é grande o número de escolas e universidades particulares.

Educação é uma questão complexa e leva a uma série de distorções. Algumas pessoas se aproveitam de determinadas situações em busca de outros objetivos. Não é pertinente apenas à Feira de Santana, no Brasil inteiro a realidade é essa. Há algumas coisas pontuais aqui e ali, onde se desenvolvem um trabalho de melhor qualidade. Há determinadas instituições privadas, que fazem sim um esforço por uma melhor qualidade de ensino, e há outras que apenas se aproveitam de uma determinada realidade para lucrar, não se importando com a qualidade do ensino e do aprendizado. Há quem pense em Educação, como uma empresa, e não como instituição do ensino e aprendizado, como ferramenta essencial para a melhoria humana. Um país educado, é um país que cuida dos seus cidadãos e, consequentemente, se desenvolve, civicamente, culturalmente, economicamente e cientificamente.

         Um País Educador tem que pensar na escola, seja ela de que nível for, com foco principal na aprendizagem do aluno. As pessoas sempre dizem que antigamente o ensino púbico era melhor, a qualidade era outra. Os anos se passaram, a Educação no Brasil passou por várias reformas, e algumas situações mudaram. O Ensino particular melhorou muito a qualidade, mas o ensino público está sempre anos atrasado. O século XXI chegou, o ensino requer o uso de tecnologias modernas, com computadores para os alunos (No ensino particular os alunos têm seus próprios notebooks), o velho quadro negro foi substituído por lousas eletrônicas, e os livros são digitais, entre outras modernidades. Mas em diversas regiões do país, e em Feira de Santana não é diferente, o modelo ainda é o antigo.

         Some-se a isso o aparelhamento do ensino público, que faz com que ideologias políticas sejam ensinadas, e a história é desconstruída através de narrativas totalmente fora do contexto. A tentativa de implantação da escola em tempo integral, ficou reduzida a um único estabelecimento em Feira de Santana, e num programa falho de merenda escolar. A conduta do “politicamente correto” faz com que alunos não sejam obrigados a estar em sala de aula, não devem ser reprovados, assim sendo, a grande maioria dos alunos da rede pública parece que comparece à escola apenas pela merenda, e não para adquirir conhecimento.

O Colégio Estadual e a RUF

         Existem alguns detalhes relevantes sobre o ensino público feirense. Por exemplo, o Colégio Estadual, chamado inicialmente de “Industrial”, pois pretendia ser para o ensino técnico, a fim de atender às necessidades do parque industrial emergente, com a implantação do Centro Industrial do Subaé, logo perdeu essa característica, e se transformou em colégio com grade curricular igual aos demais existente. O exame de admissão, que selecionava os mais capazes, viria logo a ser extinto. Mas, ainda assim o Estadual era o colégio que mais aprovava alunos nos vestibulares da Universidade Federal da Bahia (UFBa). A ponto do então prefeito, João Durval Carneiro, fundar a Residência do Universitário Feirense (RUF), uma casa para abrigar universitários oriundos do ensino público que teriam que morar em Salvador. Com o advento da Fundação Universidade de Feira de Santana (FUFS), e a subsequente implantação da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), a RUF foi sendo desativada até que fechou as portas.

Hoje a  UEFS recebe inscritos para os seus vestibulares oriundos de vários municípios baianos e até de outros estados, e nas suas imediações foram construídos diversos prédios residenciais e condomínios justamente para alugar a estes jovens que chegam para estudar na Universidade. E há hoje em Feira de Santana outras universidades particulares e muitas com Ensino à Distância (EAD).

Porém, há que se ter cuidado melhor com a formação dos professores, a valorização dos professores. Esse investimento tem que ser feito, mas o grande problema é que os governantes não pensam na aprendizagem nem na qualidade da escola e do ensino, e o aluno tem que passar de qualquer jeito. Isso significaria que teria que haver possibilidades efetivas de garantir que o aluno se desenvolva, progrida, investindo por exemplo, na formação e qualificação dos professores, mas não é o que acontece. As universidades precisam ir para dentro das salas de aula para entender efetivamente o que se passa dentro delas.

Desestímulo

         Hoje em dia são poucos os que querem  ser professores do ensino público, obviamente, porque os salários são baixos. Então, nos vestibulares há uma concorrência pequena, o que significa maiores possibilidades de aprovação. E a seleção é feita por baixo, as pessoas passam no limite de corte, e muitas vezes não têm nenhuma relação com aquele curso, mas consegue no final tirar um diploma e ser nomeado para ir pra sala de aula. Quando chega na sala de aula, encontra um desafio que ele não sabe como enfrentar, porque ele não tem a formação nem vocação necessárias para aquilo.

         Para um sistema de não reprovar o aluno, teria que ser como na faculdade. O aluno que não foi bem em algumas matérias, não vai repetir o ano inteiro. Vai eliminar as matérias em que se saiu bem e repetir apenas as que perdeu.

Educação é um direito constitucional, e o dever de garantir isso está com o Estado. Mas, está também com a família, com a sociedade. Essa é a concepção que precisa estar na cabeça dos governantes brasileiros, e mostrar que qualidade de educação não se mede apenas com quantidade de prédios ou de salas de aula ou de equipamentos. A escola pode ser muito bonita, totalmente equipada, mas se não tiver um bom corpo de educadores de nada adianta.