sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Cientista brasileira encontra proteína chave para tratamento da Covid

Uma cientista brasileira, professora de biologia celular da Universidade de Southwestern, no Texas, EUA, lidera uma pesquisa que encontrou uma proteína chave para o tratamento da Covid-19.

Beatriz Fontoura está à frente do estudo que identificou a forma como uma proteína de coronavírus chamada Nsp1 bloqueia a atividade de genes que promovem a replicação viral.

O grupo de pesquisadores, do qual faz parte a cientista brasileira, analisou como impedir a ação dessa proteína que faz com que o vírus se multiplique o que dá esperança para novos tratamentos.

O estudo foi publicado agora em fevereiro na Science Advances .

“Quando um vírus infecta uma célula, a forma como a célula hospedeira reage é alterando as vias celulares de certa maneira que neutraliza a infecção viral”, disse Beatriz Fontoura a EurekaAlert. “Os vírus podem atingir muitas dessas vias para favorecer sua própria replicação”, explica.

Vírus da Gripe
Os pesquisadores da UT Southwestern acrescentaram outra peça a esse quebra-cabeça.

“Estudamos a proteína NS1 do vírus influenza que bloqueia a ação na célula. Decidimos, então, testar a proteína do coronavírus”, disse Ke Zhang, Ph.D., pesquisador de pós-doutorado.

O Nsp1 do coronavírus foi descrito como uma proteína multifuncional capaz de alterar a replicação viral e suprimir a produção de outras proteínas, algumas das quais estão envolvidas na resposta imune.

O grupo de Beatriz Fontoura procurou saber como o Nsp1 faz isso e se usa um mecanismo semelhante ao da proteína NS1 do vírus influenza.

Os cientistas descobriram que a proteína do coronavírus suprime a capacidade que a célula tem de responder à infecção viral, permitindo que o SARS-CoV-2 se replique.

Os pesquisadores se perguntaram o que aconteceria se Nsp1 pudesse ser impedida de realizar uma dessas funções?

Em um experimento, eles infectaram células com SARS-CoV-2 e adicionaram um excesso de NXF1, que é sintetizado dentro do núcleo das células, para ver se isso bloquearia a replicação do vírus.

Surpreendentemente, foi exatamente o que aconteceu.

Reforço celular

Quando as células tiveram acesso a mais NXF1 do que o vírus SARS-CoV-2 poderia suprimir, elas foram capazes de impedir a multiplicação do vírus.

“Se você encontrar uma maneira de bloquear a interação entre Nsp1 e NXF1 ou aumentar a quantidade de NXF1 na célula, obterá mRNAs do núcleo e poderá obter um efeito protetor, como sugerido por nossos experimentos”, diz Fontoura.

Os tratamentos COVID-19 se concentram no gerenciamento dos sintomas enquanto o corpo luta contra a infecção com suas defesas naturais.

Mais estudos

Uma área chave de interesse nas terapias virais é direcionar as células infectadas para impedir a replicação do vírus.

Focar em Nsp1 ou sua interação com NXF1 representa uma maneira possível de fazer isso.

“Ainda precisamos saber mais, como a estrutura do Nsp1 ligada ao NXF1, o que esclareceria como isso bloqueia a exportação de mRNA e como podemos revertê-la”, diz Zhang.

“A pesquisa é promissora, mas para desenvolver terapias no futuro, primeiro precisamos entender melhor o mecanismo”, garantiu Zhang.

Mesmo com a chegada das vacinas, o vírus continua se espalhando e há necessidade de desenvolver essas terapias alternativas.
Os cientistas esperam conseguir isso estudando como o SARS-CoV-2 infecta as células e se propaga, neutralizando o sistema imunológico natural do corpo.

SóNotíciaBoa com informações da EurekAlert

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