domingo, 14 de fevereiro de 2021

Histórias da Princesa

        Hoje vamos contar um pouco da história do colunismo social em Feira de Santana, que ainda exerce influência entre as camadas média e alta da cidade. O pioneiro e maior expoente do colunismo social em Feira foi Eme Portugal, que teve até o programa de rádio "Eme Portugal em Sociedade", transmitido diariamente, no horário das 12 às 12:30, na Rádio Sociedade de Feira de Santana. Criou a "Festa das Debutantes", “Broto do Ano”, “Glamour Girl” e “Noite dos Troféus”. Também foi dele a criação do baile premicaretesco “Uma Noite no Hawai".

O poder dos colunistas sociais

         O colunismo social sempre foi muito forte em Feira de Santana e até os dias atuais ainda exerce sua influência entre as camadas média e alta da cidade. Alguns antigos jornalistas, já na primeira metade do século XX, escreviam notas sobre eventos sociais e destacavam a elegância dos anfitriões e seus convidados em festas promovidas para comemorações importantes datas familiares como aniversários, casamentos, noivados, batizados, bodas etc. Mas foi só a partir dos anos 50 que começou a ganhar o formato que ainda hoje perdura. E o expoente máximo do Colunismo Social no Brasil, Ibrahim Sued, criou este estilo que foi copiado por todos os colunistas do Brasil, e em Feira de Santana não foi diferente. E assim sendo, termos como “ademâ”, “Bomba”, Sorry”, e tantos outros utilizados e até mesmo criados por ele, eram repetidos pelo Brasil afora.

        

Eme Portugal com senhoras da sociedade feirense
        Em 1956 surgiu aquele que viria a ser o pioneiro e maior expoente do colunismo social da cidade, Eme Portugal. Nascido em 11 de dezembro de 1934, Manoel Martins Portugal, filho de Guilardo Simões Portugal e Julieta Martins Portugal, estreou em 1º de dezembro no jornal Folha do Norte, com a sua coluna, “Em Sociedade”. Anos depois ele estreou na rádio Sociedade de Feira de Santana, hoje Sociedade News, o programa Eme Portugal em Sociedade, diariamente, no horário das 12 às 12:30, sob o patrocínio da Suprema Moveis. Era uma época em que as famílias se sentavam à mesa juntas, para o café da manhã, almoço e jantar, o que nos tempos modernos é quase impossível. E o rádio ligado, sintonizava a Rádio Sociedade, fazendo do programa o campeão de audiência, batendo até os programas esportivos, que vinham logo em seguida.

         Em sua carreira Eme Portugal recebeu apoio de amigos como o odontólogo Hélio Dórea, Yeda Barradas Carneiro, Helder Alencar e José Olympio Mascarenhas, entre outros. Depois da Folha do Norte ele escreveu sua coluna ainda nos Jornais, Tribuna Popular, Vanguarda, Jornal da Bahia e Feira Hoje. Os colunistas criavam e apresentavam eventos, festas, ditavam modismos, influenciavam até no modo de falar e de se vestir das pessoas. Os clubes sociais estavam em alta, pois era o lugar preferido das famílias das classes média e alta para passar os fins de semana, e frequentar bailes e shows artísticos. Além das boates dos sábados. Nos dias seguintes todos estavam de ouvidos grudados nos aparelhos de rádio ou com jornais nas mão para saber se esse ou aquele colunista social citara seu nome ou publicara sua fotografia. Isso significaria prestígio, poder político ou econômico.

Festas

“Dinho”, como era chamado pelos parentes e amigos, era querido pela sociedade feirense, e promovia festas maravilhosas, sendo a mais concorrida a “Festa das Debutantes”, oportunidade em que as famílias apresentavam à sociedade as suas filhas que completavam 15 anos naquele ano. O evento era marcado pela realização de uma missa na Igreja Matriz, com a presença de todas as meninas, seus pais, parentes e convidados. Logo após, era realizado o Baile das Debutantes, no salão de festas de algum clube local. Foi dele também a criação das festas “Broto do Ano”, “Glamour Girl” e “Noite dos Troféus”, que homenageava pessoas que tiveram atuações de destaque em suas respectivas áreas de atuação durante o ano. Mas nem só de glamour, elegância e fino trato, era a atuação de Eme Portugal em organizar festas elegantes. Foi dele a criação do baile  prémicaretesco “Uma Noite no Hawai”, realizado tradicionalmente aos Sábados de Aleluia no Feira Tênis Club”.

Eme Portugal tinha também uma veia humanista. Sua família era muito religiosa e devota de Senhora Santana, e ele não fugia à regra. Todos os anos sua família era encarregada de ornamentar o andor da Padroeira para a procissão da Festa de Santana e ele era quem coordenava o trabalho, sempre com muito esmero e bom gosto. Ele também estava sempre realizando campanhas beneficentes para auxiliar famílias carentes. Distribuía geralmente cobertores e gêneros de primeira necessidade. Eme Portugal faleceu em 28 de agosto de 1987.

Oydema Ferreira

Oydema Ferreira lançou o livro Retalhos da Minha Cidade

        Depois de Eme Portugal muitos outros colunistas sociais surgiram em Feira de Santana seguindo o seu estilo de escrever e exercendo influência junto às autoridades em busca de melhorias para a cidade e justiça social. Oydema Ferreira foi o primeiro nessa linha sucessória, e estreou também no jornal Folha do Norte. Nascido em Feira de Santana em 03 de março de 1938, filho de Maneca Ferreira e Josina Torres Ferreira, estudou o curso de ginásio e técnico em Contabilidade no Colégio Santanópolis. Como jornalista militou nos jornais: Folha do Norte, Diário de Notícias, Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia, Estado da Bahia, Gazeta Feirense, NoiteDia e atualmente publica sua coluna no jornal Folha do Estado. Foi cofundador e fundador de revista, tendo publicado sua coluna nas revistas Panorama, Destaque e Atual. Atuando como compositor foi vencedor de um concurso de música para a Micareta com o samba “É madrugada”. Esportista, criou juntamente com José Monteiro Filho, Osvaldo Brasileiro e outros, a torcida “Jovem Flu”.

Oydema é muito religioso e apaixonado por Feira de Santana, e entrou na luta pelo gradeamento da Praça Monsenhor Renato Galvão, para protegê-la da ação de vândalos. Ele também usou sua influência para produzir e lançar o CD de músicas sacras de autores feirenses, cantadas pelo “Coral Sant`Anna Mestra”. Presidiu a Comissão dos festejos de Senhora Santana em 1995. Ele é autor do livro “Retalhos da Minha Cidade”, cujo lançamento se deu em uma noite de autógrafos muito glamourosa, com maciça presença de representantes dos diversos segmentos da sociedade feirense.

 Antônio José Laranjeira

Antônio José Laranjeira introduziu uma modificação no estilo do colunismo social feirense, sem, contudo, abandonar as notas sobre os corriqueiros acontecimentos nas faixas média e alta da sociedade. Ele passou a divulgar eventos do meio empresarial, destacando não só acontecimentos festivos neste segmento como também destacando aqueles empresários que se destacavam em suas áreas de atuação. Ao contrário dos seus antecessores, que conviviam mais de perto com as madames e seus filhos, divulgando suas atividades sociais e beneficentes, Laranjeira dava mais destaque e convivia mais com empresários e políticos, dando-lhes espaço nos jornais em que atuava. Laranjeira nasceu em Santo Amaro da Purificação, a 11 de janeiro de 1945. Filho do comerciante José Laranjeira e da professora Amália Laranjeira

Ele é jornalista profissional e publica coluna diária nos jornais Grande Bahia e Tribuna da   Bahia. Jornalista de reconhecimento internacional desde o dia 10.01.1995 pela Organização dos Jornalistas fundada pelo ONU e UNESCO sediada em Praga, República Tcheca que reúne mais de 250 mil profissionais do jornalismo em 120 países do mundo. Graduado em Comunicação e Administração de Empresas. Ele também foi redator e diretor regional das Emissoras e Diários Associados (Diário de Notícias, Tv Itapoan, Estado da Bahia e Radio Sociedade da Bahia), jornais A Tarde, Tribuna da Bahia e fundador e superintendente da Radio Subaé AM e Nordeste FM.

Christy Helmayd

        Ou simplesmente Chris para os amigos. Ele era um cabeleireiro da Alta Sociedade e promovia eventos, inclusive o premicaretesco Lavagem da Brasília. Quando o empresário Davi Miranda, proprietário da gráfica Radami, fundou e passou a publicar mensalmente a Revista Bahia Viva, convidou o jornalista Cristóvam Aguiar para ser o editor. Foi dele a ideia de convidar Chris para ser o colunista social da Revista, devido ao seu bom trânsito na alta sociedade feirense e soteropolitana. A resista teve curta duração, mas Chris seguiu em frente. Fundou o jornal Agora, contando com a parceria da sua irmã, Cristina Almeida, dona de um buffet e que também promovia eventos. O jornal se firmou e talvez ainda estava ativo, quando foi interrompido bruscamente com a morte trágica de Chris por assassinato.

Muitos colunistas surgiram na cidade seguindo os passos do pioneiro Eme Portugal, mas desapareceram com o tempo. Poucos permaneceram, como Cid Daltro. Mas já não tem o poder de antigamente, porque os tempos mudaram, o jornalismo mudou, tudo está mudando muito rapidamente. Mas os colunistas sociais sempre irão existir, pelo menos enquanto existir a vaidade humana.

(Com informações do Site Santanópolis, jornalista Zadir Marques Porto, Arquivos do Blog e fotos cedidas por Alonso Amaral )

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