segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Colunismo social em Feira de Santana começou há 70 anos e tem sido marcante nos jornais da cidade

 

Oydema Ferreira, há 50 anos registrando os acontecimentos da cidade. Na foto ao lado do saudoso Egberto Costa

As viagens, as ‘badaladas’ recepções em mansões, festas em clubes sociais, eventos religiosos, namoros, casamentos, visitas de autoridades e personagens eram assuntos que garantiam as colunas sociais em jornais e emissoras de rádio. A ‘febre’ das informações da sociedade chegou até nós em 1955, através do jornal Folha do Norte, e o primeiro a assinar uma coluna foi o dentista Hélio Dórea, com as iniciais H.D.

O colunismo social, ou jornalismo social, como preferem alguns, precede a história das publicações impressas em Feira de Santana, surgindo no sudeste do país e registrando, entre outros nomes de destaque, Ibrahim Sued, no Rio de Janeiro, o mais laureado e considerado nacionalmente o ‘papa’ do gênero. Antes do surgimento da Folha do Norte em 1909, outros periódicos de breve existência – e foram muitos – registraram informações de casamentos, aniversários, viagens, mas, independente de sumárias, tipificadas como notas comuns da redação, sem os detalhes, a abordagem e o ‘charme’ característicos da crônica social.

M. Portugal, o Ibrahim Sued da Bahia

Em 1955, na edição de 30 de junho do então semanário, que circulava aos sábados, apareceu a coluna Sociedade, identificada pelas iniciais H.D. – Hélio Dórea – pessoa estimada na comunidade que, há exatos 70 anos, iniciava formalmente esse tipo de jornalismo no interior da Bahia e, posteriormente, mudando-se para outro estado, manteve-se atuante. A professora Ana Maria Oliveira o substituiu por algum tempo. Com a transferência do dentista Hélio Dórea para o Espírito Santo, surgiu, em 10 de novembro de 1956, nova coluna, também intitulada Sociedade, porém assinada por Eme Pê – Emanuel Simões Portugal, que se consolidaria como M. Portugal, sendo considerado ‘o Ibrahim Sued’ da Bahia, pelo sucesso obtido.

Com muita dinâmica, M. Portugal tornou-se referência no segmento e responsável pela realização de várias campanhas sociais, festas beneficentes em clubes e diversos eventos que mobilizaram a sociedade citadina. M. Portugal também inovou, transmutando a sociedade feirense das páginas de jornais para o rádio, inicialmente com um programa na Rádio Cultura de Feira. A atriz Zoila Chagas assinou uma coluna congênere na Folha do Norte, mas de forma passageira.

Com o incremento dos eventos sociais – as famílias tradicionais abrindo suas mansões para receber amigos e os clubes realizando grandes festas – o colunismo tornou-se indispensável, surgindo outros importantes divulgadores do ‘grande mundo’. Era importante a exposição dos que viviam muito bem, e isso era papel dos colunistas, que tinham acesso privilegiado aos mais finos ambientes, inacessíveis ao povão, que correspondia à grande fatia da população rotulada pela falta de dinheiro, mas interessada em saber o que ocorria no meio dos abonados.

Antônio José Laranjeira (foto ao lado), então bancário, também deu seus primeiros passos via Folha do Norte, passando pelo Diário de Notícias para desembarcar em A Tarde e aí granjear o prestígio que marcou sua trajetória no jornalismo baiano. Outro forte integrante dessa época foi Cid Daltro, que, além de jornal, também manteve programa social na Rádio Sociedade, verificando-se verdadeira disputa, cada qual buscando informar primeiro as novidades da sociedade, que, atenta, nada deixava passar. Isso porque, à medida que o colunismo social foi se robustecendo, as notinhas de namoros, passeios, rompimentos, coquetéis, recepções e viagens começaram a dar lugar a outras, sobre o mundo empresarial vivido pela alta sociedade.

Ainda hoje atuando na imprensa local, o jornalista social Oydema Ferreira começou, como tantos outros, pelas páginas do semanário Folha do Norte, esteve com êxito nos diários da capital baiana, Jornal da Bahia, Tribuna da Bahia e A Tarde, fixando-se, por fim, na Folha do Estado, onde continua sua missão com a retidão e coerência que sempre marcaram sua linha informativa. Oydema tem a seu favor uma enorme agenda de realizações, como Noite de Destaques, Gente que Brilha, Noite de Debutantes e outros eventos que reuniam a sociedade feirense e traziam a esta cidade artistas renomados, principalmente da televisão e da música. Mais recentemente, surgiu Ailton Pitombo, que continua desempenhando seu trabalho com qualidade, sob o título Socioeconômico, nas edições do Jornal NoiteDia.

O mundo mudou, é repetitivo dizê-lo. Muitos já disseram isso há muito tempo. É melhor dizer que o mundo continua e deve continuar mudando, assim sempre haverá o passado, as novidades e as lembranças. Colunistas sociais – aqui e por toda parte – devem continuar propagando informações da elite social. Isso talvez já não tenha tanta importância em um mundo globalizado, da internet e da inteligência artificial, que ‘sabe de tudo’, mas foi e continua sendo válido o papel desses comunicadores, que merecem ser lembrados.

Por Zadir Marques Porto


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