domingo, 29 de agosto de 2021

O saboroso leite condensado


Há 167 anos o norte-americano Gail Borden inventava o leite condensado, depois de muita luta que prosseguiu durante anos, até o produto ter o reconhecimento oficial. Gerações e gerações, em todo o mundo,  têm  saboreado esse tipo de leite, mas sem saber como tudo começou.

Que é uma delícia, todos sabem. Que as crianças, geralmente adoram idem. Mas qual a origem ou como surgiu o leite condensado? Uma história interessante, ocorrida em um navio em 1851, envolvendo o texano  de pouco  mais de 50 anos,  Gail Borden, que havia inventado, com sucesso, um biscoito de carne conservada. No navio, com destino a Nova York, de volta da Feira Mundial de Londres, com a sua medalha de ouro pelo invento do biscoito, ele atentou para o mugido de vacas enjoadas no porão e o choro de crianças filhas de migrantes, famintas, na proa.

Inquieto perguntou ao comandante do navio, por que não davam o leite daquelas vacas às crianças famintas. O comandante explicou que vacas enjoadas (devido a viagem no mar) não davam leite e ainda não existia leite em conserva. Bordem que havia criado o biscoito de carne para minimizar as dificuldades dos pioneiros que iam para a California, na corrida do ouro, e passavam fome devido à inexistência de  alimentos duráveis.

Os biscoitos inicialmente fizeram sucesso, depois foram condenados por autoridades militares, Bordem perdeu tudo que investira na fábrica a ponto de ter que mandar  seus quatro filhos, órfãos de mãe, para estudar em uma colônia religiosa. A ideia de dar melhor aproveitamento ao leite “in natura” estava na cabeça e ele começou a trabalhar no seu laboratório em um porão de Brooklyn. Colocou quatro litros de leite em uma panela e deixou-os ferver até só restar um litro.

O que restou foi uma massa escura e de sabor ruim. O inventor experimentou e cuspiu longe! Em visita a seus filhos na escola ele notou que na cozinha faziam conserva de frutas numa panela de vácuo, na qual o ar extraído por meio de uma bomba. Sabia que os líquidos fervem a temperatura mais baixa quando se reduz a pressão atmosférica circundante.  Então ele teve a ideia que gerou o invento do leite condensado. Numa panela de vácuo o leite fervia a 58 graus centigrados e não a 100. Com isso o leite não ficava com o gosto ruim nem descoloria.

Fervido no vácuo e com a adição de açúcar, para a conservação, o leite por ele produzido podia ser protegido contra a contaminação trazida pelo ar. Assim em 1853 Borden requereu patente do seu invento, mas devido às exigências feitas pela repartição responsável somente três anos depois (1856) a patente foi concedida. Borden abriu a primeira fábrica  de leite condensado em Connecticut e passou a vender o produto enfrentando enormes dificuldades.

O sabor diferente era um dos empecilhos. Outro é que fazendeiros não queriam lhe vender o leite cru (in natura)  à crédito.   Ele sofreu imensas provações, maiores ainda com a crise financeira de 1857, quase afundando definitivamente. Mas em 1858  Jeremiah  Milbank, rico atacadista de secos e molhados  e financista de Nova York  deu um ponto final a essas dificuldades, resolvendo   associar-se a Borden.

Nesse período, em Nova York havia alto índice de doenças como tifo, tuberculose e mortalidade infantil atribuído ao leite cru, transportado dos estábulos sem qualquer  critério de higiene.  Borden e Milbank aproveitaram para anunciar a pureza do chamado “leite do campo”, exortando os rígidos controles de higiene. As vendas começaram a crescer e a guerra civil veio consolidar a importância do invento.     

Agora os soldados em campanha, podiam beber leite. A sra. Lincoln, esposa do presidente Abraão Lincoln serviu leite condensado em um jantar na Casa Branca. Estava dado o maior aval! Borden tornou-se o “leiteiro do mundo”, como foi considerado por um biógrafo. Um detalhe é que ele precedeu Pasteur, o inventor da pasteurização que viria bem depois.

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