sexta-feira, 8 de março de 2024

Congresso vai peitar o Supremo

     Todas as atenções se voltaram para o julgamento no STF da descriminalização do porte da maconha para uso próprio. O julgamento foi pausado após novo pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Até o momento, foram cinco votos favoráveis e três contra. O que quer dizer que basta mais um voto favorável para que seja liberado. O estranho nisso tudo é que quem deveria decidir sobre a questão seria o Congresso Nacional.  Porém, como vem agindo usualmente, o STF tomou para si a decisão ante o silencio do Parlamento.

        Tem sido assim desde que Jair Bolsonaro chegou ao poder. Durante os quatro anos do seu mandato o que se viu no Brasil foi um festival de aberração jurídica, com o Supremo mandando e desmandando ante a inércia do Congresso. O STF não faz leis, ele é o último recurso para decidir quando a Câmara Federal e o Senado não chegam a um acordo sobre determinado assunto e levam a questão para o Supremo. Mas, tanto o Senado quanto a Câmara Federal tomaram gosto e lavaram as mãos, deixando o STF julgar tudo. Como não poderia deixar de ser, o STF tomou gosto pelo poder e tem atropelado o Congresso, decidindo tudo e até fazendo leis.

         Esse imbróglio da maconha vai fazer a corda arrebentar. O STF vai aprovar a liberação da maconha e o Congresso vai vetar. A crise está formada e o desfecho seja ele qual for, terá graves consequências para a sociedade civil. O curioso disso tudo é que o STF mandou e desmandou livremente porque interessava aos políticos do Congresso, no afã de defender seus interesses politiqueiros, na ânsia de derrubar Bolsonaro e reconduzir Lula ao poder.

         Os nobres deputados e senadores criaram um monstro e agora ele não quer lagar o osso. Não se pode afirmar quem sairá vencedor nesse cabo de guerra.  Porém, como sempre, quem vai perder é o povo brasileiro, que também tem sua parcela de culpa porque não sabe escolher seus representantes e nem fiscaliza suas ações ou cobram o cumprimento de seus deveres como parlamentares. Quando chamado a participar mais ativamente dos processos eleitorais, os eleitores simplesmente torcem o nariz e afirmam: “Não gosto de política”. Desse modo os que gostam deitam e rolam livremente.

         É mole ou quer mais?

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