terça-feira, 30 de junho de 2009

Artigo da Semana



Panis ET Circensis

Chega-nos a notícia de que o governo do Estado liberou milhões em verbas para que as Prefeituras do interior (do PT, é claro) pudessem contratar grandes atrações e fazer festas juninas. Diziam os romanos que o povo precisa apenas de “Panis ET Circensis”, ou seja, pão e circo. Melhor dizendo, comida e festa. Então, dê-se ao povo o que o povo quer. Assim todo mundo fica feliz e esquece as questões sérias do dia a dia, como Saúde, Educação, Habitação, Segurança, e tantas coisas mais que necessitamos para viver com conforto e paz.
Com o povo abastecido de comida e festa, os políticos podem “trabalhar” na santa paz, sem ninguém pra fiscalizar seus atos escusos, suas falcatruas e trambiques que fazem a festa de quem vive da política. Abastecido de comida e festa, o povo não vai se incomodar em pagar mais e mais impostos, taxas, tarifas ou qualquer nome lá que se dê a estes mecanismos para mexer no bolso do cidadão, do povo.
Abastecido de comida e festa o povo não vai se importar com penitenciárias lotadas, legiões de jovens drogados, escolas depredadas e professores mal pagos e mal preparados para educar os seus filhos. Ninguém vai lembrar-se da cesta básica a cada dia mais cara, do salário minguando sempre, do transporte ruim e caro, dos hospitais falidos.
Não sou contra festas, mas entendo que elas devem ser feitas quando temos algo a comemorar ou quando estamos em bom estado de espírito, o que, creio eu, não é o estado em que se encontra a grande maioria dos brasileiros. Também entendo que não é papel do governo, em qualquer instância, dar dinheiro para se fazer festa.
Entendo eu que ao governo cabe dotar a comunidade da infra-estrutura necessária para que ela trabalhe, produza e se divirta, de livre e espontânea vontade. Cito como exemplo a Prefeitura de Feira de Santana, que recentemente foi alvo de suspeitas sobre ter financiado blocos e eventos micaretescos. Nada ficou provado, mas se a Prefeitura assim tivesse agido, certamente haveria equívoco e infração de alguma lei, pois não é papel do governo financiar festas particulares.
As festas populares, como o nome já diz, emanam do povo, são organizadas pelo povo, que delas participa livremente. Em Feira de Santana já teve vereador querendo dar título de “Utilidade Pública” a bloco de Micareta. São sei se conseguiu depois, mas, na época, combati como pude, até que ele retirou o projeto de pauta.
A Imprensa, algumas autoridades constituídas, até que tentam por um freio nestas discrepâncias, com o ético e salutar objetivo de proteger o povo. Recentemente houve autoridade que tentou fazer com que o governo só contratasse para as festas juninas públicas, atrações genuinamente juninas, com o objetivo de preservar a cultura popular, que vem sendo descaracterizada com a invasão de reggaes, axés, afoxés e outros ritmos que nada têm a ver com festa junina.
Atitude louvável, mas, inócua, porque o que o povo quer é festa. Nem com a comida ele está se preocupando mais. Tendo festa, tudo o mais se ajeita. Um sujeito um dia me dizia que passou 15 dias comendo ovo com farinha para economizar para poder comprar o abadá de um bloco. Isto posto, creio que nada mais tenho a dizer.
Dê-se ao povo, o que o povo quer.
PT, saudações!

Um comentário:

Anônimo disse...

Voce não acha que o governo estadual deveria ajudar um município que tem tradição de festas juninas, pois, assim ele estaria preservando a tradição e a cultura popular. Entendo que se os governantes (Prefeito, Governador e Presidente), não apoiarem as tradições culturais, fica muito difícil mantê-las. (Prá que servem Sec. e ministérios de Cultura e turismo).