Bernardino da Silva Bahia construiu uma bela história mantida pela família

 

Intendente do município – o que correspondia a prefeito –, em duas oportunidades (1912/1915) e (1920/1923), Bernardino da Silva Bahia foi uma figura de grande destaque na comunidade, contribuindo para o desenvolvimento da cidade com obras de relevância que até hoje têm significado para a população. Do mesmo modo, foi líder de uma família honrada que manteve na genealogia os seus predicados. Bernardino da Silva Bahia nasceu em Salvador em 1871.

Segundo o saudoso professor e historiador Oscar Damião de Almeida, no século XVIII quatro imigrantes portugueses da família Almada instalaram-se em Minas Gerais, atraídos pelas riquezas naturais daquele estado. Posteriormente, dois deles decidiram fixar residência em Salvador e, diante da boa acolhida, resolveram – como um preito à nova terra –, mudar o nome Almada para Amado e acrescentar Bahia, nome do estado e como a cidade de Salvador foi chamada durante muito tempo.

Transferindo-se para Feira de Santana, Bernardino tornou-se forte comerciante e pecuarista e, em sociedade com o irmão Francisco Amado da Silva Bahia, foi um dos mais importantes negociantes de gado da região. Altamente influente na comunidade, ingressou na política partidária, elegendo-se intendente em um disputado pleito com Abdon Alves de Abreu (Intendente Abdon), que, não aceitando o resultado e contando com o apoio do governo do estado, assumiu a Intendência do município. Era governador o advogado José Marcelino de Sousa (1904/1908). Assim, durante meses Feira de Santana teve dois intendentes. Todavia, houve um acordo pacificador e Abdon Abreu governou no período de 1907 a 1912, enquanto Bernardino geriu o município de 1912 a 1915.

Uma das obras de importância de Bernardino Bahia foi a edificação do Mercado Municipal, inaugurado em 1914, e depois transformado pelo prefeito Colbert Martins da Silva no atual Mercado de Arte Popular (MAP). No período de 1920 a 1923, ele voltou ao governo local, ainda como intendente, dando início à implantação do prédio da Prefeitura Municipal, promovendo a recuperação da Praça dos Remédios e da Praça Bernardino Bahia. Em 17 de dezembro de 1921, fundou a Sociedade Filarmônica Euterpe Feirense. Realizou a pavimentação da Rua de Aurora (Rua Desembargador Filinto Bastos), abriu estradas ligando a sede do município ao distrito de Bonfim de Feira, bem como a Tanquinho e Santa Bárbara, que também eram distritos de Feira antes de obterem a emancipação.

Bernardino Bahia foi casado pela segunda vez com a senhora Luísa Rubiños Bahia, que descendia de família natural da Espanha, e lhe deu, como único filho, Carlos Artur Rubiños Bahia, apelidado Carlito Bahia, nascido em 1906. Carlito tentou chegar à Prefeitura, não se elegendo, mas teve intensa relação com destacados líderes políticos como Juracy Magalhães, Juarez Távora, Antônio Carlos Magalhães e Carlos Lacerda, que foram recebidos em sua residência. O casal Carlito Bahia e Maria da Glória Carvalho Bahia teve dois filhos: Luís Carlos e Bernardino.

Nascido em 8 de dezembro de 1932, na residência da família, na Avenida Senhor dos Passos – hoje sede da Casa de Saúde Santana –, Bernardino de Carvalho Bahia destacou-se como criador de gado leiteiro e foi um dos maiores fornecedores de leite in natura para Feira de Santana e Salvador, contando com a confiabilidade dos clientes – residências, hotéis e hospitais –, que priorizavam o leite da Fazenda Paus Altos, localizada no município de Antônio Cardoso, a 31 quilômetros de Feira de Santana. Mais conhecido como Pipiu, Bernardino fez o segundo grau no Ginásio Santanópolis, foi um dos fundadores da Alimba (indústria de produtos do leite) e proprietário do Supermercado Big Feira.

Bernardino (Pipiu) Bahia

Pipiu participou da administração pública municipal como secretário de Administração e Obras Públicas na gestão do prefeito Joselito Falcão de Amorim (1964/1967). Homem de sociedade, esteve entre os fundadores do Feira Tênis Clube e Clube de Campo Cajueiro (ambos extintos). Autor do livro A Feira dos Meus Tempos, relata episódios interessantes de forma humorada, que lhe era característica. De bela voz, cantou ao lado de astros como Nelson Gonçalves, Francisco Alves, Sílvio Caldas, Orlando Silva e Gregório Barrios, seu cantor preferido, até porque tinham registros vocais muito próximos. Como viajava muito, Pipiu se apresentou em vários países com sucesso. Poderia ter sido profissional, se assim desejasse. Deixou para os amigos três CDs de músicas românticas.

Casado com a senhora Ada Maria Mascarenhas Bahia e pai do advogado Carlos Artur Rubiños Bahia Neto (Carlito) e da terapeuta Liége Mascarenhas Bahia, Bernardino de Carvalho Bahia faleceu em 2023, aos 90 anos de idade, escritos com letras maiúsculas no livro da vida.

Por Zadir Marques Porto