sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Médico, calculista e frio

A parcial, mas já demolidora, delação de Palloci, abalou as lendas de Lula sobre sua inocência, afinal, o ex-ministro sempre foi o fiador do governo Lula junto aos empresários e seria o candidato inevitável a Presidência se não tivesse sido apeado do poder pelo depoimento do caseiro Francenildo- aquele que o governo cometou o hediondo crime de invadir o sigilo bancário para tentar desqualificar- que revelou que Palloci frequentava endereços pouco recomendados.
Acusando o golpe, Lula, tentou desqualificar Palloci- sobre quem já tinha feito inúmeros elogios- afirmando: "Conheço o Palocci bem. O Palocci, se não fosse ser humano, seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. O Palocci é médico, calculista, é frio", afirmou.
Nós continuamos achando que Lula,só não é médico. 

Marcelo Nilo e a noção de cidadania

"É inacreditável que nós parlamentares passemos por situações vexatórias, constrangedoras. Nada na vida vai reparar o que eu passei hoje. Porque pra mim... perdi meu pai, perdi minha mãe, perdi meu irmão, mas hoje é o dia mais difícil da minha vida. É um dia que marcou um homem de 62 anos de idade
Nunca imaginei chegar onde cheguei, nunca imaginei sentar nessa cadeira de presidente, na cadeira de governador do estado, ser o deputado mais bem votado da Bahia, e passo pelo constrangimento de ver minha residência às 6h com delegados e policiais pra fazer busca e apreensão. Eles foram muito educados, muito gentis, mas deixaram marca profunda no meu coração”. 
O deputado Marcelo Nilo, que teve um dia mais difícil que o dia em que perdeu pai e mãe, apela ao drama, para justificar a investigação da PF e do MP, mas como se pode ver ele tem tem uma noção completamente equivocada de cidadania, achando que o político é um indivíduo acima da lei e das instituições.
Ainda bem que ninguém, como disse a Ministra Carmém Lúcia, do STF, ninguém,  está acima da lei.

32 adolescentes não serão adultos, jamais. Balas, não deixaram.

No carro, ligo o rádio e Aldo Matos- o grander repórter de Polícia- comenta que mais um adolescente foi crivado de balas na noite de ontem. E diz que já são 32, esse ano.
Uma das faces mais cruéis da nossa guerra civil, da brutal violência que gera 60 mil mortos em um ano, é a amputação da história que deveria ser vivida por cada um destes adolescentes. São 32 destinos que não se cumprem, ceifados a bala, com uma fartura que nunca provaram em vida.
Evidente que a primeira reação da Sociedade, vítima encurralada, protegida, cercada, é uma indiferença por achar que se morreram fizeram essa escolha. Compreende-se, ainda que seja um pensamento perigoso. Lógico que a relação pobreza e crime não é direta, como querem alguns- ou já teriamos nos aniquilado-, mas é um condicionante importante,  e o tráfico, é o grande beneficiado, da falta de oportunidade, famílias desestruturadas e educação vergonhosa que temos.
Por mais que pareça algo distante, é um número que choca, violenta, e nos dá um tapa na cara, expondo claramente que não podemos mais aceitar os padrões de exercicio político que temos, nem tolerar a corrupção que desvia recursos públicos, nem  seus cúmplices morais.
Ainda faltam 4 meses para se cumprirem. E a roleta russa da morte continua girando e  escolhendo os seus.

 

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