quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Futebol

           

Comecei a gostar de futebol ainda criança. Em 1966 o Fluminense de Feira sagrou-se campeão Baiano. Eu tinha apenas 9 anos. Mas, gostei da folia do futebol da família. Em 1969 o Fluminense voltou a ganhar o título de campeão baiano. Mas, aconteceu que os “donos” do time resolveram vender todos os jogadores e deixar a administração do clube que nunca mais voltou a ser o mesmo. Decepcionado e influenciado por um irmão comecei a torcer para o Esporte Clube Bahia. Foram muitos anos de títulos, alegrias e decepções. Isso é do jogo. Um dia se perde, outro se ganha. Contudo, resolvi deixar de torcer. Vou assistir aos jogos porque eu gosto de futebol, porém, sem nenhuma emoção e sempre na expectativa de uma lambança por parte daqueles que conduzem o espetáculo.

O Esporte Clube Bahia me deu muitas alegrias: Campeão Brasileiro duas vezes, campeão baiano inúmeras vezes, campeão do Nordeste e por aí afora. Entretanto, nos tempos atuais não podemos mais confiar num jogo limpo. Sempre tem uma lambança. Não que antigamente não houvesse. Mas, era difícil de se detectar. O Bahia teve dois presidentes malandros: Osório Villas Boas e Paulo Maracajá.  Com eles o Bahia ganhou seus títulos mais importantes, com ou sem malandragem.

Osório Villas Boas sentindo que sua equipe estava desmotivada para uma final, deu entrevista a imprensa declarando: “Soube que um dos meus jogadores está “vendido”, não sei quem é, mas, se descobrir entrego o infeliz para a torcida”. Naquele tempo isso era quase uma sentença de morte, porque se a torcida descobrisse o infeliz estaria em maus lençóis. O fato é que colocaram seus corações no bico da chuteira e ganharam o título na marra.

Por sua vez, Paulo Maracajá, sentindo a iminência de perder o título para o Vitória, que tinha um super time (Andrada, Osni, Fisher, André Catimba, entre outras feras), mandou buscar na Argentina um jogador comum, de nome Navarro, que atuava em uma equipe menor daquele país. Quando chegou aqui seus assessores lhe disseram que aquele jogador não jogaria nem em time de várzea aqui no Brasil. Mas, Maracajá bateu pé e contratou o rapaz, mas não botou de início para jogar, deixou-o no banco alegando que ele estava se recuperando de uma lesão. E assim ficou. O jogador entrava em um jogo e outro não.  Na final do campeonato o jogador Navarro estava no banco e as manchetes dos jornais diziam: “Mesmo contundido ídolo fica no banco para dar força ao time”. Bola vai, bola vem, com cerca de 15 minutos de jogo Andrada, que era um senhor goleiro, colocou as mãos no rosto e desmaiou, caindo de cara no chão. Sofrera uma queda de pressão. Foi substituído, mas, isso abateu o ânimo do Vitória que o tinha como ídolo e líder dentro do campo. E o Bahia, que não tinha nada com isso, ganhou o jogo e foi campeão.  Descobriu-se depois que Andrada era Gay e apaixonado pelo jogador Navarro, que ficava no banco jogando beijinhos para o goleiro e isso o desestabilizava emocionalmente.

Essas malandragens sempre existiram. Mas, não eram tão chocantes, nem tão acintosas de forma que muito pouca gente tomava conhecimento. E assim mesmo, só depois do caso passado. Entretanto, com o passar do tempo a coisa foi ficando escancarada.  Inclusive, com a interferência direta de árbitros e bandeirinhas nos resultados dos jogos. Quem não se lembra de Rui Rei, goleador da Ponte Preta, que no início de uma final contra o Corinthians reclamou acintosamente de uma falta xingando e fazendo gestos para o árbitro, que não teve outra coisa a fazer senão expulsá-lo. O Corinthians foi campeão e logo se soube que o jogador havia se vendido ao clube, o que se confirmou no início da temporada seguinte, quando ele estava atuando no “Timão”.

Eu levaria muito tempo falando de todas as falcatruas que já vi, ouvi e li sobre futebol no Brasil. Fui perdendo o entusiasmo e ultimamente me conformava em assistir aos jogos só porque gosto de futebol. Mas, com o que aconteceu no último jogo entre Flamengo e Bahia joguei a toalha. Não dá para assistir futebol do Brasil. E digo mais: Não creio que a Seleção Brasileira volte a conquistar uma Copa do Mundo.

O tempo é o senhor da razão!

 

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