segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Segunda é dia de CRÔNICA: Temperadinha

A liberdade sexual deixou de ser privilégio das mulheres dos anos sessenta e ganhou o corpo suado e excitado de nossas adolescentes. Uma espécie de epidemia de xuxu dando na serra. O liberou geral foi multifatorial: combinação da pílula, saia curta e chatice da televisão. Isso tem gerado mudança em nossos hábitos em assuntos tão dispares como a virgindade e o cinto de segurança. Há algum tempo o cinto era opcional e a virgindade obrigatória. Nos dias atuais, o cinto tornou-se um costume e a virgindade uma pedra no meio do caminho a ser removida com a maior brevidade possível. E cada vez mais breve.
Com a libido exacerbada e hormônios a flor da pele os adolescentes tem desfrutado com furor da liberdade sexual, com a conivência constrangida dos pais- não basta ser pai, tem de emprestar o carro para a filha- e desinformação abismal. O adolescente faz, só não sabe como e sem lembrar que após o durante tem o depois. Não é à toa que há uma explosão de gestações inesperadas em adolescentes, o que já está saturando o mercado de influencer e sertanejo.
Por conta desse sou de todo mundo e todo mundo é meu também, fui convidado para fazer uma aula sobre aparelho reprodutor masculino, doenças e relacionamento sexual, para adolescentes de um colégio da cidade. Auditório cheio, tema palpitante, povoei o tempo de metáforas e imagens tentando esclarecer os mistérios pecaminosos do corpo humano- ainda que seja um mero teórico.
Realcei a delicadeza e o rebuscamento de nossa fisiologia e disse-lhes que nossas células eram extremamente sensíveis e muy especialmente o espermatozóide e o óvulo. Afirmei que elas precisavam estar em condições ideais (e condição ideal não era um motel longe dos pais), para que ocorresse a fecundação. Caso houvesse qualquer elemento que atrapalhasse as exigências de prima-donas destas células, o espermatozoide não conseguiria acoplar no óvulo e não haveria a gravidez.
Ao final, franqueei para perguntas. E eles e elas mandaram ver. Até que um aluno fez a pergunta que me surpreendeu e levou a organizadora a encerrar o debate.
- Doutor, se é verdade que qualquer coisa pode atrapalhar as células lá, se eu colocar limão e sal na menina, isso impede a gravidez?
Surpreso, só tive tempo de responder:
-Meu rapaz, se vai impedir a gravidez eu não sei, agora se aquilo já é tão bom ao natural, imagine temperadinha...

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