sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Assim nasceu o Observatório Antares

Por José Olympio Mascarenhas

“Alberto Oliveira, a pedido nosso e de César Orrico, doara seiscentos metros quadrados de área em loteamento de sua propriedade, no fim da Getúlio Vargas, para que fosse construído o Observatório Antares. Everaldo Cerqueira, arquiteto e também astrônomo amador, fizera a planta e havíamos adquirido um telescópio, em Manaus, um pouco mais potente que o de César Orrico. Estávamos na residência de Beto Oliveira e Áureo Filho, vizinhos, tratando dos primeiros passos do Antares quando Beto, entusiasmado, mostra o projeto e comunica ao pai, deputado Áureo Filho, a boa nova:
“Zé Olympio, César Orrico e um grupo entusiasta vão construir um observatório astronômico em nossa cidade. Doamos o terreno e o projeto está aqui”.
Mostra ao deputado a planta de Everaldo Cerqueira – Áureo Filho olha, balança a cabeça, encara Beto eu e César e, com uma frase seca e gutural, nos choca de início:
“Feira de Santana não merece isto”.
Ficamos sem entender e Alberto Oliveira, meio sem jeito com a reação do pai deputado, tenta consertar e amenizar a decepção:
“Que é isso, meu pai, os jovens querem fazer algo por Feira, construir um observatório, despertar o interesse pela astronomia, etc. etc. e o senhor desanima. Que tem de errado”?
O nosso deputado, visionário, idealista, sonhador, mente aberta, olhos de águia, ensaia um discurso:
“É isso mesmo, Feira de Santana não merece isto, temos de trazer para a nossa cidade o que tiver de maior. Na Universidade de Salvador, as aulas de astrofísica não são ministradas por falta de um observatório na Bahia e está na hora de instalarmos um em nossa cidade, um observatório digno desta juventude estudiosa e sadia” – e continuava o seu discurso inflamado como se estivesse falando na tribuna da Câmara, defendendo o projeto, com todo o entusiasmo e eloqüência.
Eu, César e Beto nos entreolhando.
Quando fez uma pausa, virou-se para mim e César:
“Vou ter uma audiência como governador Antônio Carlos daqui a pouco, se vocês quiserem vão comigo e prometo que o governador será simpático à idéia”.
César Orrico e eu pegamos em casa um paletó e seguimos com o deputado para falar com o governador da Bahia. Nascera, naquele momento, o grande Observatório Antares, construído em área mais adequada, doada pela imobiliária de Milton Falcão de Carvalho (Bubu), e projeto de Raimundo Torres, conhecedor dos observatórios mais modernos do mundo naquela época”.

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