sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

A fragilidade da Santa Casa de Misericórdia



As Santas Casas de Misericórdia foram fundadas e mantidas por homens dotados de espírito público e fraterno com o objetivo de socorrer aos seus semelhantes que adoeciam e não podiam pagar por assistência médica particular. Com a Santa Casa de Feira de Santana, que no ano passado completou 150 anos desde a sua fundação, não foi diferente. Eram outros tempos e seus estatutos, muito simples, não previam a ação de políticos, oportunistas e outros aventureiros. Reinava a boa fé.
Com o passar do tempo os políticos descobriram que a Santa Casa era um ótimo trampolim para suas aspirações a cargos eletivos. Mais adiante, com o advento da mercantilização da saúde, empresários da doença voltaram seus olhos para os hospitais mantidos pelas Santas Casas. O resultado é que, em todo o Brasil, a maioria está falida e algumas até fecharam suas portas.
Há menos de dez anos a Santa Casa de Feira de Santana mergulhou em dívidas quase impagáveis. Seu patrimônio foi dilapidado e os funcionários do Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA), por ela mantido, ficaram até dez meses sem receber salários nem outros benefícios garantidos pela Lei Trabalhista. Foi graças à competência e criatividade do provedor eleito, Dr. Outran Borges, que as finanças começaram a ser saneadas.
Hoje, os funcionários estão recebendo em dia, embora o hospital continue com suas finanças equilibradas no fio da navalha. Ainda esta semana, como já tem feito em anos anteriores, a Mesa Diretiva da Instituição recorreu a empréstimo bancário para pagar o 13º salário dos seus servidores.
Para pagar os salários em dia, a Santa Casa depende da verba repassada pelo governo federal para a Prefeitura Municipal, para que esta pague os serviços contratados ao HDPA. Se esta verba não é repassada, a Santa Casa não tem como honrar seus compromissos junto a fornecedores e funcionários.
É uma situação delicada e não falta quem queira aproveitar ocasiões para tentar desestabilizar a direção e fazer a instituição cair novamente no caos em que esteve afundada e que, infelizmente, proporcionou ganhos a muita gente inescrupulosa. Os funcionários da Santa Casa deveriam saber disso mais que ninguém, e ficar atentos para saber a quem interessa o caos e rechaçar com força as suas maquinações.
Entendo até que os funcionários deveriam ter um representante sentando à Mesa Diretiva. Quem mais conhece os problemas de uma empresa são os seus funcionários. Conheço grandes empresas que solucionaram grandes problemas através de programas de estímulo à participação dos seus funcionários. Boas idéias levaram empresas a fazer maior economia ou obter maiores lucros, e os funcionários receberam bons prêmios em dinheiro por suas boas idéias.
Isso é bom em todos os sentidos: Envolve o empregado com a saúde financeira da empresa, mantém os oportunistas afastados e gera economia, lucro e melhor operacionalidade. Creio ser este o melhor caminho.

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