sexta-feira, 14 de julho de 2023

Pele de tilápia recupera visão de cães e gatos em cirurgias de córnea no CE

 

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A pele de tilápia já se mostrou um sucesso em 400 cirurgias com cães e gatos. - Foto: Reprodução/Viktor Braga /UFC Informa

Um tratamento revolucionário vem sendo usado em procedimentos para bichinhos no Ceará. Pesquisadores descobriram que a pele de tilápia também pode ser usada em cirurgias de córneas para cães e gatos. O processo de recuperação é mais rápido e bichinhos recuperam a visão, como o Pug Nelson.

O cãozinho, que tinha uma doença grave nas córneas, voltou a enxergar depois de ser submetido ao procedimento. (foto abaixo) A técnica, usada por cientistas do Programa de Medicina Translacional, da Universidade Federal do Ceará (UFC), já foi aplicada em mais de 400 animais.

Os resultados são positivos e devolvem a visão aos bichinhos com baixo custo. “Vimos a superioridade da pele da tilápia. Ela funciona como uma doadora de colágeno para essas estruturas (oculares) e promove o reparo e uma maior transparência na cicatrização”, disse a cirurgiã veterinária Mirza Melo.

Cicatrização e prêmio

O sucesso da técnica vem do uso da matriz dérmica acelular (MDAPT) da pele de tilápia, algo parecido com uma “lâmina de colágeno puro”, que foi elaborada no Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamento (NPDM), da UFC.

Mirza estudou o tema no mestrado e disse que a pele do peixe tem uma fácil transparência na cicatrização e pode diminuir os riscos de contaminação.

A inovação foi premiada em 1° lugar no último Congresso Brasileiro de Oftalmologia Veterinária.

Comparação com outros métodos

Ao comparar os resultados que a MDAPT tinha em lesões de córnea com uma membrana comercial utilizada e outra membrana biológica, a pele mostrou ser muito superior.

A técnica da pele de tilápia pode ser aplicada em cães e gatos que estão sofrendo com ferimentos ou questões genéticas nas córneas.

Cachorrinhos que tem nariz curto, como os pugs, acabam ficando mais vulneráveis a acidentes, uma vez que seus olhos ficam bem expostos.

As vantagens

As vantagens são muitas. Além do efeito cicatrizante, a pele ajuda no combate à dor e não promove contaminação por ser estéril.

Assim, os bichinhos tem uma recuperação mais rápida e segura, não sendo necessário a troca de curativos a todo momento.

O manuseio e o armazenamento pré-cirurgia também garantem à pele de tilápia uma grande vantagem em cima de seus concorrentes, bem como seu baixo custo.

Casos de sucesso

Entre as mais de 400 cirurgias bem sucedidas, uma ganhou destaque: o Pug Nelson

Nelson é um pugzinho que foi abandonado em uma clínica devido a quadro de úlcera grave nos dois olhinhos.

O bichinho foi resgatado e submetido ao procedimento com a tilápia.

“A expectativa de visão era baixa, principalmente do olho direito ser funcional. Durante a consulta, a médica perguntou do nosso interesse e achei bem interessante, não senti medo ou receio”, disse Alana Frota, estudante de medicina veterinária.

Após a cirurgia, passaram-se 10 dias e os médicos retiraram o ponto do olho esquerdo, enquanto o do direito demorou um pouquinho mais.

“No começo da cicatrização eu consegui ver a pele de tilápia colocada, que vai desaparecendo e sendo absorvida”, explicou Alana.

Agora, Pug já é um cãozinho 100% ativo novamente. Ele esbanja saúde e adora brincar de correr.

“O animal conseguiu recuperar a visão dos dois olhos, algo que não estávamos prevendo, estão funcionais e ele está apto a ir para um lar”, comemorou a estudante.

Outros usos da pele de tilápia

Procedimentos que usam a pele de tilápia remontam a 2014 no NPDM.

Inicialmente, a técnica era usada para desenvolver curativos para tratar queimaduras, úlceras e outras feridas para a matriz dérmica.

Conforme os estudos foram evoluindo, a pesquisa foi se expandindo para outras situações médicas, como em cirurgias de reconstrução vagina e resedignação (mudança) de sexo.

O uso em córneas humanas ainda não é um consenso.

“Vamos ter um encontro técnico com 20 oftalmologistas de um hospital e apresentar a técnica cirúrgica e começar a traçar uma estratégia para começar o uso em humanos”, disse Mirza.

Pug Nelson antes (à esquerda) e depois da cirurgia (à direita). Foto: Reprodução/Acervo pessoal.
Pug Nelson antes (à esquerda) e depois da cirurgia (à direita). Foto: Reprodução/Acervo pessoal.


SNB - Com informações da Agência UFC.

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