domingo, 10 de maio de 2009

Dia das mães


Todo ano quando começam as campanhas publicitárias do comércio para o dia das mães me reporto a minha infância. Concebeu-se que no segundo domingo de maio, dia dedicado às mães, os filhos devem dar-lhes presentes. Na escola,como ainda ocorre, faziam-se festas dedicada às “rainhas do lar” e lá estavam todas as crianças com um presente caprichado nas mãos. Meu pai, além de não ter uma condição financeira das mais favoráveis, não valorizava estas “besteiras” como ele classificava estes “costumes que só são bons para os comerciantes”.
Eu não entendia esse posicionamento sábio do velho e ficava muito triste. Mainha merecia sim um presente como todas as mães dos meus colegas. Como toda mãe, a minha não suportava ver uma filha (são seis mulheres) triste e ia ela mesma providenciar os presentes. Inúmeras foram as vezes que ela autorizou Dona Lia a vender o que a gente escolhesse para “presenteá-la”. Depois ela mesma ia pagar a conta. Isso ficou guardado no meu subconsciente e ainda hoje eu não passo um dia das mães sem oferecer-lhe uma lembrancinha. Não me satisfaz apenas passar o dia com ela, quando é possível. Quero marcar de alguma forma, dando-lhe algo que ela esteja precisando ou desejando. Somos seis irmãs e, muitas vezes, nos unimos para comprar algo de maior valor financeiro. Mas, não dispenso aquela lembrancinha individual, mesmo que se já uma simples flor e um cartão.
Tenho dois filhos. Uma que já é mãe e o caçula ainda adolescente. Não os criei com esses costumes. Nem o pai deles tem esses hábitos. Não se liga nestas convenções de presentear as pessoas em datas determinadas (dia dos namorados, das crianças, das mães, Natal). Ele às vezes até o faz, mas, prefere surpreender dando presentes em qualquer data. Mesmo assim, influenciados pelo apelo capitalista, meus filhos também desejam me presentear e não ficaam satisfeitos em fazê-lo apenas com a lembrancinha confeccionada na escola. Como eu, eles investigam o que estou precisando ou desejando e, dentro do possível, me satisfazem.
Leno, com 13 anos, é meio desligado (puxou ao pai rsrsrsrs). Mas, nesta época não deixa de me perguntar: “O que a senhora quer ganhar no dia das mães?” Filho, quero obediência, carinho e um boletim recheado de boas notas, respondo. “Assim não vale. Isso eu já lhe dou”. Realmente. Boas notas, obediência, carinho, tenho sempre. Mas, continuando assim, já me sinto presenteada.
Fico triste quando penso que, assim como a maioria das datas comemorativas, o Dia das Mães perdeu o sentido real.
Aqui no Brasil, o Dia das Mães foi introduzido pela Associação Cristã de Moços (ACM), em maio de 1918. A data passou a ser celebrada no segundo domingo de maio, conforme decreto assinado, em 1932, pelo presidente Getúlio Vargas. Em 1949, vários proprietários de lojas de São Paulo, lançaram uma grande campanha publicitária incentivando a compra de presentes para as mães e o hábito de presentear as mães ganhou impulso. Hoje, é uma das datas em que o comércio mais fatura.
Cá pra nós. Confesso que lá no fundo também me deixo levar por estes apelos e muitas vezes insinuo que gostaria de ganhar isso ou aquilo. Mas, aqui em casa isso não funciona, porque há quase 30 anos, desde que comecei a dividir o aluguel da casa com Cristóvam, não existe o meu e o seu. Existe nosso. Quem compra tudo sou eu, até suas roupas íntimas, como o nosso salário.

Maura Sérgia

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