sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Os piores cegos


Saindo de Jerusalém Jesus, seguido pelos seus discípulos e grande multidão, ouviu os apelos do cego Bartimeu. Chamou-o e o curou da cegueira” (Marcos 10, 46-52). A Bíblia, apesar de todas as suas contradições e equívocos, continua sendo um excelente livro, com regras de boa conduta e exemplos de virtudes.
A história de Bartimeu nos remete a refletir sobre os cegos que não querem enxergar. Se olharmos bem à nossa volta veremos quantas pessoas dotadas de boa visão permanecem cegas, alheias ao que acontece em sua volta. Vivem a contemplar o próprio umbigo, dando-se ares de grande importância, apegando-se aos seus pertences como se fossem a coisa mais valiosa das suas vidas.
Vejamos se me explico: Recentemente a filha de um amigo meu, que só conheço pela internet, passou-me um e-mail convidando-me a participar da sua comunidade no Orkut. Eu agradeci, mas declinei do convite, explicando para ela que eu sou um dinossauro (e muito me orgulho disso) vivendo na era da cibernética. Eu uso a internet como ferramenta de trabalho. Não participo de comunidades, não tenho Orkut, MSN ou coisa que valha. Para cultivar minhas amizades eu prefiro uma reunião, em casa ou num bar, para beber, comer, e jogar conversa fora. É assim que me sinto vivo, humano. Para mim, não há nada que tenha mais valor que isso.
Eu tenho encontrado amigos meus, na maioria das vezes em enterros, e lhes digo: “Precisamos nos ver. Marquemos um encontro. Vá à minha casa. Convido-os para algum evento, mesmo sabendo que não irão”. Eles, no momento, concordam comigo e prometem ligar para marcar alguma coisa. Mas não ligam. O pior é que sei que ficarão trancados em suas casas, correspondendo-se via internet.
Os argumentos são muitos para justificar essa atitude. Insegurança, trabalho intenso, filhos, netos, comodidade. Este último é pior de todos. Estamos acomodados, trancados e medrosos, dentro de nossas casas, e com isso não nos encontramos com os amigos. Se estivéssemos nos encontrando, quem sabe não passaríamos das palavras à ação e começaríamos a revolver muitos dos nossos problemas cotidianos?
A cegueira auto imposta também se manifesta por despeito, inveja, mesquinhez, e outras mazelas do ser humano. Quando alguém tenta alertar a outro sobre a sua falta de percepção para graves assuntos, a pessoa parece se rebelar contra quem quer lhe dar a visão, fazê-la entender aquilo que ela, por si só, não consegue. Geralmente o que ouvimos é: “Quem você pensa que é”? “Você só quer ser melhor que os outros”.
Eu rendo graças a Deus por ter me dado tantos e tão bons amigos, que me ajudaram a enxergar aquilo que eu não conseguia ver. Quem tiver essa oportunidade, não deixe passar. Verá que sua vida vai melhorar muito.

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