terça-feira, 9 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher


100 anos em busca de igualdade


Comemoramos no dia 08 de março de 2010, Dia Internacional da Mulher, 100 anos em busca da igualdade de direitos entre homens e mulheres e de combate às violências e discriminações. Mulheres à frente do seu tempo vislumbraram a necessidade de uma data para evidenciarmos valores como solidariedade, diversidade e igualdade. Esta realmente deve ser uma data para fazermos uma avaliação e não apenas para recebermos flores, mensagens melosas, jóias ou coisa que o valha.

Acredito que da época em que as mulheres ficavam restritas ao espaço doméstico, sem direito à escolaridade e ao voto avançamos bastante. As conquistas são fruto de muita organização das mulheres que, de maneira corajosa e ousada, quebraram preconceitos e exigiram dignidade. No Brasil, organizadas nos partidos políticos, nos sindicatos, nos movimentos sociais, elas empunharam a bandeira da democracia. Posicionaram-se por melhores condições de trabalho, de saúde e educação para seus filhos. E estão mobilizadas contra a violência doméstica. A prova disto está nos números crescentes de queixas nas Delegacias da Mulher.

Tivemos avanços, sim. A inclusão das mulheres no mercado de trabalho e o seu reconhecimento profissional é uma realidade. Mas, lamentavelmente, constatamos as desigualdades salariais entre homens e mulheres, mesmo para ocupar a mesma função. As mulheres têm a sobrecarga da múltipla jornada de trabalho, pois há questões culturais a serem superadas. A representação das mulheres nos espaços de poder também está longe do ideal. Apesar de representarmos 51,5% do eleitorado, o Brasil é hoje o país da América Latina com menor presença de mulheres no Congresso Nacional.

Eu fico a me perguntar: nós realmente queremos ocupar estes espaços? Ou a grande maioria ainda quer continuar sendo a companheira, estar ao lado e não a frente dos seus homens? Será que isso é realmente fruto do preconceito dos homens ou somos nós que temos preconceito contra mulheres ocupando funções de destaque? Porque nós mulheres não votamos em mulheres? Não temos a coragem de admitir que no fundo nós é que não confiamos em mulheres. É uma questão cultural.

Assim como obtivemos diversas conquistas não há como negar que estas, infelizmente, ainda não estão consolidadas. Muito pelo contrário, elas são ameaçadas continuadamente por pressões conservadoras.

Nossa luta precisa ser mais centrada no objetivo de termos liberdade de escolha, até mesmo para sermos somente dona-de-casa, mãe, companheira, sem sermos ridicularizadas pelas ditas “feministas”. Depois da Beth Friedam ser dona-de-casa virou crime inafiançável, as liberadas de carteirinha torcem o nariz para as ‘fadas do lar’. Para ser mulher com idéias próprias tem que trabalhar fora, ter uma jornada tripla, ai sim é uma mulher arretada, que merece todas as honras.

Na verdade, o que devia nos incomodar mesmo, e ai não entendo porque tantas mulheres em shows musicais se esbaldam e aplaudem artistas e bandas que têm o prazer de cantar letras que nos ofendem, humilham, depreciam. Letras onde somos chamadas de ‘piriguetes’, cachorras ou com intenções dúbias, feitas por autores que parecem ser filhos de chocadeira. Que não têm mães, irmãs ou filhas.

Está na hora de nos unirmos e darmos um basta neste tipo de ofensa que, tal como ocorria no passado, também nos humilha e nos tira a dignidade. Precisamos nos unir e darmos um basta a este mau gosto musical. Vamos nos rebelar, pois, como nas demais conquistas, também precisamos desta vitória.

Maura Sérgia

Um comentário:

Lia Sergia Marcondes disse...

Só posso comentar uma coisa sobre o texto: arrasou, mãe!!

Beijos!! :D