sexta-feira, 19 de março de 2010

Ter tempo é uma questão de preferência


Esta semana Frei Monteiro fez uma reflexão sobre a música “Me Esqueci de Viver”. A letra diz, entre outras coisas, que: “Me esqueci que na vida se vive um momento/De tanto querer ser em tudo o primeiro/Esqueci de viver os detalhes pequenos”. E mais ainda: “De tanto correr pra roubar tempo ao tempo/Esquecendo até dos melhores amigos/ me esqueci de Viver”.
Eu tenho dito a alguns amigos, até com certa insistência e chateação, que precisamos viver. Estamos envelhecidos, mas não velhos nem doentes. Precisamos viver os detalhes pequenos. Alguns bons amigos, algumas viagens, alguns espetáculos, alguns esportes, algumas aventuras, algumas brincadeiras. Sim, brincadeiras. Vamos brincar de viver.
Muitos concordam comigo, mas quando os chamo para brincar, mudam o discurso, inventam dificuldades e nunca têm tempo. Eu fico triste porque percebo que eles estão velhos, tristes, adoecidos. Conheço alguém que até não muito tempo, brincava, e muito, de viver. Organizava festas, excursões, montava espetáculos. E no final, trazia na bagagem mil estórias para contar, muitas emoções e muito mais experiência acumuladas. Cada vez que ele voltava, eu via o brilho nos seus olhos e a perspectiva de uma nova aventura para breve.
Hoje ele põe culpa no tempo, nos filhos, nos netos, nas dificuldades financeiras. Não aceito. Sempre foi difícil ganhar dinheiro, principalmente para os jovens, sem experiência. Mas nós, homens maduros, sabemos como driblar as dificuldades, como economizar tempo e dinheiro. Mas não estamos sabendo o que fazer com ele, e muitos se tornam escravos dele.
Não, meus amigos. Eu não vou sucumbir ao tempo. Não vou aceitar a tirania dos familiares que nos impõem necessidades que não temos, obrigações que não são mais minhas. Filhos que se virem. E quem pariu Mateus que balance. Minha parte eu já fiz, e agora eu quero mais é aproveitar, gozar de tudo que conquistei e conquistar o que ainda desejo.
Podem me chamar de irresponsável, de extravagante, de maluco. Tudo bem, eu posso até ser um pouco excêntrico, mas, acreditem, tenho mais momentos de felicidade que de tristeza. Ainda posso cometer erros, cair e me levantar, pronto para cair de novo. É essa a graça da coisa, a motivação para tocar a vida em frente.
Mas peço, por favor, que não me arrastem com vocês. Se estão velhos, tristes, cansados, doentes, não me imponham este estado de ânimo. Se não puderem acompanhar o meu ritmo, tudo bem, mas não me queiram impor o de vocês. Eu estou com 56 anos, mas ainda tenho algumas brincadeiras e aventuras pela frente. Estou planejando agora mesmo uma viagem ao Norte do Brasil, á única região que ainda não conheço. Estou decidindo entre o Festival de Parentins, no Amazonas ou a Festa do Sairé, em Santarém, no Pará.
Quem quer ir comigo?

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