segunda-feira, 16 de abril de 2018

Rede social, humanos, opinião pública e o inferno.


Toda sociedade não é mais do que a luta pelo protagonismo e poder decorrente desta ocupação. É assim com o dono da bola no baba da rua, nas relações amorosas- sim, há um jogo de poder, em que muda só o que desejamos fazer com o oponente-, e no exercício da política.
Estruturalmente, a democracia, estabeleceu, ou tentou, um sistema de pesos e contrapesos que permitissem o equilíbrio entre o Executivo, Legislativo e Judiciário, divisão que vigora a maior parte de nossa existência. Na interface com estes elementos centrais, alguns outros, foram sendo criados e exercem influências variáveis como fazem a Polícia, o Ministério Público e a Imprensa, por vezes chamada de quarto poder. Não a toa, Churchill, dizia: " não há opinião pública; há opinião publicada".
O cidadão sempre foi a opinião publicada, por outros, afinal, exceto em momentos esparsos de conflitos revolucionários, raramente ele encontrava maneiras de representar sua opinião. O advento da internet e sua filha serpente- as redes sociais- tornaram cada cidadão uma opinião pública, frequentemente inconciliável com as demais e que reage, geralmente de modo feroz, quase irracional e até violento, a qualquer discordância ou tentativa de contra-argumento.

Alguns acham que as redes sociais deram origem a esse modelo fragmentado, reacionário, jacobino e eivado de rancores. Não acredito. As redes não inventaram um novo humano, um cidadão anti-social, com fragmentos de cérebro reptiliano e que mais reage que analisa. É o mesmo, lamentável, humano de sempre, com suas pulsões freudianas em plena efervescência, a achar que sim, o inferno são os outros.
Apesar do Papa ter desmentido a existência do inferno, recentemente, sabemos que ele está por aí, como antítese a toda ação positiva humana. Assim, os aspectos negativos da rede advindos dessa desnudação pública do comportamento humano, estão aí para contrabalançar sua ação positiva.
Um deles é a exposição continuada das entranhas do poder, em suas piores ações, gerando uma resposta da opinião pública - e não mais, apenas, da opinião publicada, com seus interesses próprios- criando um novo protagonista entre os três poderes.
A esta exibição o poder Legislativo tem respondido com covardia e indiferença para tentar preservar seu status quo de patrimonialismo e devassidão ética; o Executivo, fica a espera de um franco-atirador capaz de não se importar com a voz rouca dos teclados, e o Judiciário assume o protagonismo de legislar e combater as mazelas alheias, sem olhar as suas.
O certo, no entanto, é que o compartilhamento do poder com o cidadão é uma marcha irreversível da humanidade. Nada será como antes e nunca mais haverá, somente, a opinião publicada. Só não temos certeza, ainda, que o protagon

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