Depois de muito tempo – e vários pedidos
na internet – finalmente chegou o momento de o brasileiro ser estudado.
O “DNA do Brasil” é o primeiro projeto a mapear o genoma do brasileiro
em larga escala, algo que já vem sendo pesquisado em outros países.
A iniciativa veio a público nesta
terça-feira (10) e será liderada pela geneticista Lygia da Veiga
Pereira, da USP. 15 mil brasileiros entre 35 e 74 anos terão seu DNA
mapeado. Os participantes são funcionários públicos que já fazem parte
do Elsa (sigla para Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto), que estuda a
saúde dos trabalhadores de seis capitais brasileiras desde 2008.
As informações genéticas serão
fornecidas pelos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, que
financiam o Elsa. Tudo será lançado na nuvem, mais precisamente no
Google Cloud: cada um dos 15 mil genomas ocupa 500 gigabytes – o dobro
do que o iPhone mais moderno seria capaz de guardar. De acordo com a
empresa, os dados ficarão protegidos e apenas os pesquisadores terão
acesso às informações genéticas dos pacientes. Tudo é feito com o
consentimento dos participantes, que podem desistir a qualquer momento.
O objetivo da pesquisa é compreender
melhor quais fatores genéticos têm influência em doenças crônicas. Ao
saber se uma pessoa é predisposta a alguma doença, é possível atuar na
prevenção ou até editar o DNA para evitar que ela se manifeste.
Outros projetos já fizeram o mesmo
fora do país. O mais famoso é o Projeto Genoma Humano, que teve início
em 1990 e foi o maior sequenciamento genômico da história e contou com a
participação de diversos países.
Mas então por que fazer isso no
Brasil? Apesar de o DNA da espécie humana ser praticamente idêntico,
cada população possui características genéticas específicas. Como
destaca Pereira, o Brasil é marcado pela miscigenação de diferentes
povos, incluindo indígenas, europeus, asiáticos, africanos e outros.
Entender as variantes e riscos específicos da população brasileira vai
ajudar a criar melhores políticas de saúde para o país.
Usar pacientes que já possuem um
histórico de saúde mapeado pelo Elsa foi uma decisão estratégica. Os
pesquisadores poderão comparar as informações genéticas com as doenças
que as pessoas envolvidas no estudo já possuem.
Ainda vai demorar pelo menos cinco
anos até o projeto gerar os primeiros resultados. A empresa DASA, de
medicina diagnóstica, financiou o sequenciamento dos primeiros três mil
genomas, que devem começar a ser sequenciados no primeiro semestre de
2020. No entanto, ainda não há recursos para os outros 12 mil, que devem
ser financiados futuramente por outras empresas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário