segunda-feira, 8 de abril de 2024

Não há nada de novo sob o sol da existência

Não somos – e talvez nunca nos tornemos - algo mais que selvagens fragilmente humanizados em luta por dominar e sobreviver. Incluindo aí, de forma ancestral, sexo e competição. Alguém já disse que tudo na vida é sexo, exceto sexo, que é poder- essa pedra angular, labirinto e arcabouço que nos move, impulsiona, e, frequentemente, nos quebra e dobra os joelhos. Quando não cobra com a própria vida. O que nos leva de volta ao círculo inicial com os bons modos dos limites da lei, da fé, da cultura, esse triunvirato da contenção a regular o reptiliano que ruge dentro de todos nós.
Alguns contemporizam apontando o amor – fraternal, filial, sexual- como componente de nossas ambições cardeais e, sem dúvida, que ele é responsável por gestos de grandeza incomparáveis e exemplos de dedicação, renúncias e gozos que seríamos incapazes de descrever sem a língua- e os poetas, inúteis poetas. No entanto, ele não é mais que um meio romantizado, elaborado nas narrativas do humano para atingir os mesmos objetivos de perenidade do homo sapiens primordial- já que os demais pereceram ou foram dizimados por todos os metafóricos meteoros da evolução. Como qualquer lagarta de fogo, bactéria, animal vivo que ande, voe, nade, ou rasteje sobre a terra.
Tolice imaginar qualquer evolução de dentro para fora desde que a primeira faísca riscou o universo mental e inaugurou a comunicação – ainda que apenas ritual-entre os membros do bando primitivo- embora isso tenha gerado do mesmo modo a terapia da oralidade. Claro que o divã de pedra e a falta de caneta impuseram suas limitações, mas as pulsões genéticas constitucionais de nossa essência não mudaram. Quando digo essencial refiro-me a tudo que o tarja preta não muda ainda que mascare.
O que estou querendo botar em pratos limpos, é que toda miséria humana que temos presenciado - psicopatia, opressão, ausência de empatia, ódio, vícios, blasfêmia, rancor, mutilação, abuso, violência, exploração - não traz nada, nada, de novo em si. Nada há de novo sob o sol da existência. Ela apenas está mais visível, numerosa -consequentemente perigosa- porque há um crescimento exponencial da população que saiu de 2,5 bilhões em 1950 para 8 bilhões em 2024. Para o primeiro bilhão gastamos 1800 anos, para o último apenas 16.
Essa ruína, não é niilismo ou desesperança. Apesar de tudo, ao menos, esse deve ser o período em que mais sexo foi feito na história da humanidade.
Deus também chora por nós. Não espere nada além disso do humano original que ainda somos.

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