sábado, 20 de abril de 2024

 


Neste espaço que acabamos de criar pretendemos falar sobre música popular de um modo geral, nacionais e internacionais, que será publicado aos sábados e quarts-feiras. Buscaremos valorizar letra e música de forma a levar mais conhecimento sobre as canções que ouvimos e cantamos no nosso dia a dia. Vamos falar sobre os compositores, cantores, instrumentistas, bem como os diversos fatores que levaram a construção da obra, como um casamento, nascimento de alguém, uma tragédia familiar, tudo é válido para se construir uma canção.

         Um dos maiores clássicos da música popular brasileira, A Triste Partida para o Sul, composta por Patativa do Assaré e gravada por Luís Gonzaga, por exemplo, é uma crônica sobre o sofrimento do nordestino na terra seca e na viagem para o Sul em busca de melhores dias.

         Para estrear esse novo quadro escolhemos a música Ponteio, uma parceria de Toquinho (música) e Capinam (letra).

A história de Ponteio

         Um dos principais nomes da nova geração da MPB em meados de 1960, Edu Lobo, havia se consagrado vencedor no I Festival Nacional de MPB, da TV Excelsior, em 1965, com a música Arrastão, feita em parceria com Vinícius de Morais. Em 67, ao retornar de uma excursão na Europa, foi convidado pelo amigo Dori Caymmi a colocar letra em música para concorrerem no III Festival da MPB da Record daquele ano. Quando ouviu a melodia ele pensou no verso: ah, quem me dera agora eu tivesse a viola pra cantar...

         Contudo, Caymmi se confundiu e acabou cancelando o convite, já que seu parceiro de outrora Nelson Motta, já trabalhava na criação da letra. Sem jeito, Dori ligou para Edu, que compreendeu a situação e não se ofendeu com a dispensa. Mas, como Edu Lobo já tinha a viola pra cantar, deu sequência no tema que começara a imaginar e criou a música, porém deu ao poeta Capinam a incumbência de colocar a letra. Isso a três dias do fim do prazo para as inscrições no festival.

         E é óbvio, que Ponteio foi a grande vencedora do certame, conquistando a Viola de Ouro. Para tanto, ele montou seu time convidando os grupos Quarteto Novo, Momento quatro, e para acompanha-lo nos vocais Marília Medalha, atriz e cantora, que contaram com a ajudinha de Augusto Boal na direção cênica.

         Conheça a letra dessa toada moderna e assista o grande momento da apresentação no Festival no vídeo a seguir. 

NE: Com informações do site Canto da Bahia


Letra

Era um, era dois, era cem
Era o mundo chegando e ninguém
Que soubesse que eu sou violeiro
Que me desse o amor ou dinheiro.

Era um, era dois, era cem
Vieram pra me perguntar
Ô você, onde vai
De onde vem?
Diga logo o que tem
Pra contar.

Parado no meio do mundo
Senti chegar meu momento
Olhei pro mundo e nem via
Nem sombra, nem Sol
Nem vento…

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar!

Pra cantar!

Era um dia, era claro
Quase meio
Era um canto falado
Sem ponteio
Violência, viola
Violeiro
Era morte redor
Mundo inteiro.

Era um dia, era claro
Quase meio
Tinha um que jurou
Me quebrar
Mas não lembro de dor
Nem receio
Só sabia das ondas do mar.

Jogaram a viola no mundo
Mas fui lá no fundo buscar
Se eu tomo a viola
Ponteio!
Meu canto não posso parar
Não!

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola pra cantar…
Ponteio!

Pontiar!

Era um, era dois, era cem
Era um dia, era claro
Quase meio
Encerrar meu cantar
Já convém
Prometendo um novo ponteio

Certo dia que sei por inteiro
Eu espero não vá demorar
Esse dia estou certo que vem
Digo logo o que vim
Pra buscar.

Correndo no meio do mundo
Não deixo a viola de lado
Vou ver o tempo mudado
E um novo lugar pra cantar…

Quem me dera agora
Eu tivesse a viola
Pra cantar!
Ponteio!

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