sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Artigo da Semana


A falência múltipla dos órgãos públicos

As queixas são muitas. Mas as pessoas limitam-se a telefonar para o rádio, jornal ou TV, derramar suas queixas, fazer suas denúncias, como se o profissional de Imprensa, do outro lado da linha, pudesse resolver os problemas apresentados. A Imprensa ajuda, sim, de alguma forma, mas quem tem poder para mudar o que está errado são os cidadãos.
Governantes, inclusos aí as autoridades investidas nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, são pessoas às quais a população paga para gerir os destinos das comunidades onde vivem. Contudo, a falta do exercício da autoridade de patrões, que realmente somos, nos transformou em reféns dos nossos empregados. Eles agora dominam a nossa empresa, fazem o que querem e bem entendem, e nós aceitamos tudo passivamente.
Eles nos roubam tudo. Nosso dinheiro, nossa liberdade de ir e vir, nossa dignidade, nossa paz, nossa segurança, nosso lazer, nossa voz, enfim, todos os nossos direitos. Agora são nossos empregados quem ditam as regras na nossa empresa. Se algum empregado é surpreendido roubando nosso dinheiro, ele é chamado a prestar um depoimento ao chefe do departamento, e depois volta ao trabalho normalmente, porque o chefe dele não viu nenhum inconveniente em ele gastar um dinheiro que, na verdade já é deles, e não nosso.
Os nossos executivos, eleitos em assembléia para ocupar cargos, roubam ou desviam as verbas que lhes são confiadas para executaram as obras e ações necessárias para o bom andamento da empresa, e não acontece nada. Por que? Porque os fiscais que nomeamos para acompanhar e observar a correta aplicação das verbas e a execução das ações e obras, de acordo com o cronograma previsto, nada fazem. Passam o tempo discutindo futilidades, criando normas e leis inócuas, e também se aliam àqueles que deviam fiscalizar, passando a roubar junto com eles.
Também os doutores e guardiões das leis, Juízes, desembargadores, etc. , que deveriam prender, julgar e sentenciar os ladrões, inclusive observando o cumprimento das sentenças, inexplicavelmente são indicados para estes cargos pelos chefes executivos, o que lhe tolhe em muito o poder de decidir contra eles. Além disso, agem com descaso em relação às demandas jurídicas que lhes chegam às mãos. Isso resulta em bandidos soltos e inocentes presos, quando não mortos.
A empresa Brasil vai de mal a pior, no que diz respeito a gerenciamento. A infra estrutura é obsoleta. Estamos no século XXI, a tecnologia no mundo todo avança a passos largos para a modernidade. Mas nossos departamentos públicos ainda usam máquinas de datilografia, nossa segurança ainda utiliza armas da 2ª Guerra Mundial, nossos meios de transporte de massa são velhos ônibus caindo aos pedaços.
Nós, os patrões, e os nossos funcionários de serviços gerais, moramos em casas pequenas, caras e feias; não podemos sair às ruas para nos divertir, sem topar com algum assaltante ou uma bala perdida numa briga de gangues; nossos filhos estudam em escolas ruins, com uma grade curricular antiquada, professores mal pagos e mau humorados; Se adoecemos, só temos acesso a hospitais ruins, desaparelhados e com médicos despreparados. E ainda temos que enfrentar imensas filas, e esperar, dias ou meses aguardando por um atendimento que nem sempre é satisfatório; Até aqueles que deveriam ser como lenitivo para os nossos sofrimentos, os pastores de almas, tornaram-se mercenários, comerciantes da fé.
Mas tudo isso acontece porque nós, os patrões, permitimos e somos até coniventes em algumas oportunidades. Basta que nos acenem com alguma vantagem para comprar nosso silencio. Como disse, nós temos o poder para mudar esta situação. Se cada um de nós botar a boca no mundo, denunciando, exigindo, ordenando aos nossos empregados que trabalhem, e punindo os desonestos com nosso voto contrário, sem aceitar propinas, sem transigir com corruptos ou corruptores, essa situação pode mudar.
Se sozinhos somos fracos para combater a roubalheira, vamos nos reunir em grupos, nas nossas comunidades, conscientizar nossos sócios (vizinhos) sobre a importância de votar corretamente e exigir dos eleitos que cumpram suas funções com honestidade, dignidade e respeito. Quando nos mobilizamos somos fortes. Já derrubamos uma ditadura, conquistamos o direito de eleger nossos empregados (governantes) já derrubamos um chefe de Executivo corrupto, já provamos que querer é poder.
E está na nossa Carta Magna: “Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido”.

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