quarta-feira, 27 de abril de 2011

Paranóias


Observando as coisas que acontecem no mundo hoje em dia, principalmente em relação à evolução das comunicações, eu cheguei à conclusão de que o grande volume de informações que chega diariamente para pessoas do mundo inteiro, sem que elas estejam preparadas para recebê-las, é responsável pela loucura que se manifesta diariamente em todos os recantos do globo. A internet transformou o mundo, realmente, numa aldeia global, sem que a população estivesse preparada para isso.

O choque cultural é muito forte, e isso tem causado as paranóias que nos afetam no cotidiano. Por exemplo: um jovem do oriente médio, a quem foram ensinadas desde a infância as doutrinas religiosas que chegam ao fanatismo, e que lhe dizem que ele deve casar virgem e que se ele morrer pelas causas sagradas dos seus governantes, cem mil virgens o estarão esperando no paraíso. Como acham que esse jovem reagirá ao receber pela internet, por exemplo, vídeos do carnaval baiano, ou simples fotografias das praias cariocas? A cabeça dele vai dar um nó.

Além disso, ainda existem os malucos de plantão que se dedicam a causar paranóias nas pessoas enviando e-mails falando de coisas do tipo: “Não beba refrigerante com rodelas de limão porque há milhares de bactérias na casca; Tem cocô de rato na cola de envelopes e se você lamber vai pegar leptospirose; O mesmo acontece com latas de cerveja e refrigerante; Dê dinheiro para uma menina doente (Penny Brown, que está para morrer pela 1,387,258 vez). Sua vida vai mudar quando receber os 15.000 dólares que a Microsoft e AOL vão me mandar por participar no programa especial de e-mail; não se preocupe com sua alma porque tem 363,214 anjos orando por você e a novena de Santa Theresa atenderá a todos os seus desejos; Não beba num bar porque você pode acordar numa banheira cheia de gelo e sem os rins; Suas preces só serão atendidas se você enviar um email para 700 dos seus amigos e fizer um desejo em 5 minutos; Não vá ao cinema porque você pode ser picado por um alfinete infectado com AIDS quando se sentar; Não use privada que não a sua porque uma enorme cobra preta pode estar escondida lá dentro e lhe matar quando picar suas nádegas.

E quem envia essas mensagens sabe que tudo isto vai acontecer porque aconteceu com a cabeleireira da melhor amiga do segundo marido da prima da sogra da vizinha. É muita paranóia. Mas as pessoas que têm memória boa podem evitar se contaminar com estas loucuras apenas olhando para o passado, quando a vida e


ra mais simples, não havia tanto medo. Sobrevivemos, apesar de andarmos descalços, brincar na lama, tomar banho de chuva, fazer guerra de rua, beber refrigerante na boca da garrafa, fazer cocô no mato, tomar banho de rio ou lagoa, e chupar fruta arrancada do pé, sem lavar ou tirar a casca.

E a gente era feliz. Muito mais feliz.

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