terça-feira, 22 de novembro de 2011

Há vagas para quem sabe trabalhar

Amigos sempre me pedem para levar currículos de familiares para representantes de instituições com os quais tenho algum tipo de relacionamento. E eu, sempre disposto a ajudar, levo. Mas, lá no fundo eu sei que pouco ou nada adianta. Por vários motivos. O mercado até que tem vagas, mas a mão de obra formada não tem qualificação que atenda às expectativas dos empregadores. Isso, pelo menos, é o que me dizem todos que procuro para entregar algum currículo.

Outro fator é que, em diversas áreas, o mercado está saturado. E isso acontece porque proliferou desenfreadamente o número de faculdades e estão a formar aos borbotões profissionais que são jogados semestralmente no mercado. Médicos, advogados e engenheiros estão dando no meio da canela. Aliás, o falecido senador ACM já dizia que médico é igual a sal: ‘branco, barato e se encontra em todo lugar’.

Não há por parte das autoridades e das instituições de ensino o menor controle sobre o tipo de profissional que o mercado está a exigir e o que as faculdades estão a oferecer. Em nível técnico, aqui em Feira de Santana, pelo menos, o SENAI e o Ceteb pesquisam o mercado e, de acordo com a demanda, abrem ou fecham cursos. Isso garante aos alunos destas instituições emprego praticamente garantido ao final do curso.
Com as universidades é diferente. Uma vez implantado o curso, não fecha mais. Todo semestre tem que ter vestibular e todo semestre tem uma turma nova sendo jogada no mercado. E como papai e mamãe querem sempre filhos formados em Medicina, Direito e Engenharia, o desemprego é grande nestas áreas.

Tem mais um fator agravante. Uma vez formado, o jovem não quer sair de perto dos pais e querem permanecer nos grandes centros. Daí que inúmeras Prefeituras estão a oferecer ótimos salários para profissionais da área de Saúde para atender nos PSFs e estão tendo dificuldade para encontrar candidatos. Ninguém quer morar na “roça”. Pobres iludidos. Como mariposas são atraídas pelas luzes da cidade, morrem como moscas, levando uma vida desregrada e sem objetivos. 

Apesar dos sucessivos governos quase ter extinguido os cursos técnicos eles ainda são a tábua de salvação de muitos jovens. O sonho de um curso superior fica para depois que já estiverem atuando no mercado, e ainda assim, quando sentem que podem galgar novos conhecimentos e agregar assim valor ao seu trabalho.
Há também o fator preconceito com relação a algumas profissões, embora sejam tão dignas quanto qualquer outra. Creio que foi por isso que surgiu a piada do menino que queria ser bailarino, mas os pais não deixaram, alegando que era “coisa de gay”. Depois ele quis fazer curso de teatro, mas os pais também disseram que era “coisa de gay”. Já adolescente, ele quis ser estilista, mas para os seus pais, aquilo também era “coisa de gay”. Hoje, ele tem 25 anos, é gay, e não sabe fazer nada.

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