A aposentadoria foi algo que deu o que falar em 2018. Mudança na lei, aumento da idade limite, dentre outras polêmicas.
Independente disso, a realidade é que, no mundo inteiro,
pessoas mais velhas seguem trabalhando por necessidade – e ainda
precisam ouvir questionamentos sobre a forma como a idade impactaria a
performance. Uma pesquisa conduzida em 27 países da Europa e em Israel,
porém, desmente alguns mitos sobre o impacto do envelhecimento na
produtividade dos trabalhadores.
O método da pesquisa é interessante: chamada SHARE (Pesquisa de
Saúde, Envelhecimento e Aposentadoria na Europa, na sigla em inglês),
feita desde 2004, ela se baseia em longos questionários respondidos
pelas mesmas pessoas ao longo de anos. O objetivo é compreender como
trabalho, saúde e renda são afetados pelo aumento do número de pessoas
com mais de 65 anos.
A iniciativa foi do Instituto Max Planck – e nem todas as conclusões
são favoráveis aos trabalhadores da terceira idade. Pessoas mais velhas,
principalmente em setores como a indústria automotiva, tinham um índice
maior de erros cometidos no dia a dia.
No entanto, quando a gravidade dos erros era levada em conta, a
desvantagem sumia – porque, ressalta a pesquisa, os erros cometidos
pelos jovens nas mesmas áreas eram muito mais graves. No longo prazo,
valia a pena contratar profissionais mais experientes, cujos erros
comprometem pouco a própria função.
Em relação à produtividade, os resultados mostram que ela não diminui
por conta do tempo – e pode até aumentar, dependendo da área. Além
disso, para os profissionais, se manter trabalhando pode ser
interessante até em questão de saúde: os índices de declínio cognitivo
eram menores entre os idosos com uma ocupação.
Outra descoberta relevante do estudo refuta um mito bastante
repetido, de que idosos no mercado tiram oportunidades dos mais jovens.
Segundo a pesquisa, a presença de uma porcentagem maior de trabalhadores
da terceira idade não teve relação significativa alguma com a taxa de
desemprego entre a população com menos idade.
Focada na Europa, a pesquisa procura soluções para algo que já é
problemas pra eles há bastante tempo: o drástico envelhecimento da
população. A estimativa atual diz que, na metade do século XXI, 28% da
população europeia terá mais de 65 anos. Mas o Brasil não está muito
melhor: previsões afirmam que a população com mais de 60 anos vai
triplicar até 2050, chegando a 29,3%, segundo o IBGE.
Ao todo, a SHARE já teve sete
edições, que contou com 350 mil entrevistas e 130 mil pessoas, em 39
línguas diferentes – além de 27 mil amostras de sangue coletadas. Mesmo
focada em lugares específicos, os pesquisadores ressaltam que é
importante se estabelecer comparações internacionais com outras áreas,
pois isso pode ajudar na hora de avaliar medidas para setores relevantes
como o previdenciário e o trabalhista. (Super Interessante)
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