sábado, 20 de maio de 2023

 


Meditando
 

Em termos de marketing é um dos maiores símbolos. Tal sua força, em meio mundo que, se fosse cotado nas bolsas de valores da vida, ocuparia o primeiro lugar. Falo da Cruz. Presença obrigatória em lugares aculturados pelo cristianismo, a encontramos em praças, lares, repartições públicas, escolas, peitos e pescoços. 

Quando o Estado Brasileiro passou a ser laico, não mais tendo religião oficial, em muitas escolas e espaços públicos, ela foi abolida. Aqui na minha São Gonçalo dos Campos, não mais está nas paredes do plenário da Câmara de Vereadores, há alguns anos, a pedido de um edil, baseado na lei e aprovado por unanimidade. As vozes católicas locais silenciaram. 

Mesmo assim, continua exposta em muitos espaços da vida cidadã, tais como no STF, por exemplo. Nada contra. Por quê?  Porque tendo sido alvo de uma educação religiosamente dirigida, vejo-me hoje a dispensar parte de meu tempo, em ponderações existenciais. São aquelas reflexões que acometem os seres pensantes, afligindo a mente humana mais madura, ao questionar a “parte que nos cabe neste latifúndio”. 

Relevem-me os leitores com distintas opiniões, pois cada vida é um viajar, mas com meus botões e meus charutos, estou sendo levado a inferir que, ante à impossibilidade real de respostas aos auto-questionamentos, o homem tem recorrido desde os primórdios, ao conforto das religiões. Sempre querendo desatar o nó górdio - o nó que não pode desatar - de uma eternidade que não domina, não se conforma e abre espaço para religações com a vida antes e após morte. Ora, se atinarmos ao fato da palavra religião derivar-se de re-ligação...

Aí, de um lado encontro explicações para fenômenos que não entendemos e do outro consolo, seja para as mazelas da humanidade, seja como resposta ao ignoto futuro. Haverá vida após a morte? Ótimo! Mas, se não houver? Também não muda nada. Tanto faz sermos católicos, evangélicos, umbandistas, espíritas, maometanos etc. Incluo também os agnósticos na relação. Somos eternos. Sim, somos eternos, em razão de nascermos, crescermos e nos multiplicarmos. 

Depois da tradução do DNA conclui que, realmente, eternizamo-nos pela reprodução.

No DNA estão presentes os ancestrais que habitavam cavernas, o “H. Sapiens”, o “H. Habilis”, o “Australophitecus”, os vorazes antropófagos, os grandes talentos da raça humana, o sangue de Adão e Caim, tudo, mas tudo mesmo, está encravado em nossos genes.  Eles estão aqui, correndo em nossas veias, vivíssimos. Ora, se manifestando no homem lobo do homem; ora, revelando-se via genialidades indiscutíveis. 

Por isso, ao meditar com meus charutos, aos poucos, apesar da força dos símbolos e seus méritos, despeço-me das preocupações filosófico-existenciais.

 

 Hugo A. de Bittencourt Carvalho, economista, cronista, ex-diretor das fábricas de charutos

Menendez & Amerino, Suerdieck e Pimentel,

vive em São Gonçalo dos Campos – BA.

 ([email protected])


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