sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Artigo Especial Dia dos Pais


Aos que chegam *

“Voa coração, a minha força te conduz, que o sol de um novo amor agora vai nascer. Vara a escuridão, vai onde a noite esconde a luz, clareia o seu caminho, acende o seu brilhar”.

Vô. Nunca imaginei que um dia seria chamado assim. É gozado. Também nunca me imaginei com alguém me chamado de pai, bem como pessoas reverentemente me chamando de senhor, bem como os irreverentes me chamando de “meu tio”.
Na minha cabeça, busquei, e continuo buscando, não envelhecer. Não por vaidade, pois externamente o meu corpo está envelhecendo a olhos vistos e eu não faço nada para mantê-lo jovem. Quero apenas estar em consonância com o meu tempo, com a mente aberta para aprender e ensinar, falando a língua que meu interlocutor possa compreender, seja ele jovem ou velho.

“Vai onde a aurora mora e acorda um lindo dia, colhe a mais bela flor, que alguém já viu nascer, e não esqueça de trazer força e magia, o sonho, a fantasia, a alegria de viver”.

É preciso estar com a mente clara e aberta para aprender e ensinar às novas gerações o caminho das pedras. É preciso pelo menos tentar evitar que não cometam os nossos erros. Para os jovens tudo é muito intenso, muita fantasia, magia, alegria. Eles tendem a não querer nos escutar, afinal, estamos ultrapassados, somos os “coroas”. Mas é nossa obrigação tentar faze-los nos ouvir, aprender com nossas experiências, enquanto que, com eles, redescobrimos a alegria de viver.

“Voa, coração, que ele não deve demorar. E tantas coisas mais quero lhe oferecer. O brilho da paixão, pede a uma estrela pra emprestar, e traga junto a fé num novo amanhecer”

Sim. Temos muito para dar aos jovens, basta que eles queiram. É nossa obrigação tentar fazer com que eles queiram o que nós temos para lhes oferecer. Mas isso não pode ser por imposição e, sim, pela sedução. Exercitemos então o nosso poder de sedução. Vamos nos lembrar de quando éramos jovens, como eles, e voltar a ser jovens com eles. Dizem que nós, brasileiros, temos por profissão a esperança. Então, mesmo que estejamos cansados, desiludidos, desesperançosos, não vamos tirar a esperança dos jovens. Pelo contrário, vamos reacender a nossa esperança dando esperança a eles de que um dia tudo será melhor.

“Convida as luas cheia, minguante e crescente. E de onde se planta a paz, da paz quero a raiz. E uma casinha lá onde mora o sol poente, pra finalmente a gente, simplesmente ser feliz”.

Sim! Convidem todos, mesmo os perdidos, os desesperançosos, os abastados, os emergentes, todos, para que participem da alegria do dom da vida, do Reino de Deus. Temos todos, mesmo os mais humildes, algo a dar àqueles que chegam, agora, onde nós já estivemos. O nosso maior presente para os jovens, não é o mais rico dos patrimônios materiais, mas sim o não menos valioso dom de ser feliz nas coisas mais simples. Algo assim como uma humilde morada, cheia de felicidade.

*Para as minhas netas. Caroline, Rayssa e Luisa. Para todas as crianças e jovens que possam e saibam escutar os mais velhos.

(1) Letra da canção “Ao que chega”, de Toquinho.

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