sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Crônica da Semana


A Lua e Eu

“A terra é azul”! bradou o astronauta soviético Yuri Gagarin a bordo da espaçonave Vostok 1 naquele longínquo 12 de abril de 1961. Começava a corrida para a lua, para o espaço, a fronteira final. Orbitando a Terra a 315 Km de altitude, Gagarin via a Lua como um camundongo veria um grande queijo pendurado no teto. Bela, mas inatingível. Mas a Lua, que até então encantava os namorados, inspirava os poetas e despertava a curiosidade dos cientistas, em breve teria seus segredos desvendados. Em 21 de julho de 1969, Edwin Aldrin, astronauta americano, pisaria pela primeira vez em solo lunar (há controvérsias).
Desde o seu nascimento na Terra, o homem sempre se intrigou com o espaço, e a Lua influenciou sua vida. Ela influencia as marés, norteia os agricultores, pescadores e caçadores, já foi endeusada, cantada em prosa e verso, e inspira as mais incríveis superstições. Tem Lua pra todo gosto. Além das suas fases normais (nova, crescente, cheia e minguante), temos ainda a Lua de Caçador, Lua Comanche, Dupla Lua, Lua de São Jorge, Lua Quieta, Lua Casta, Lua Distante e Lua do Lobo, entre outras denominações. A Lua inspira até o calendário de algumas religiões.
Caprichosa, ela mantém, por uma questão orbital, uma face sempre voltada para a Terra, e outra sempre voltada para o Espaço. É a face oculta da Lua, que intrigou cientistas e inspirou poetas. O grupo musical inglês, Pink Floyd, dedicou um disco inteiro, aliás o mais famoso (The Dark Side of the Moon), à face oculta da Lua.
Entre as superstições inspiradas pela Lua a mais curiosa, sem dúvida, é a Licantropia. No folclore, Licantropia é a capacidade ou maldição caída sobre um homem que se transforma em um lobo. Em psiquiatria, é um distúrbio onde o indivíduo pensa ser ou ter sido transformado em qualquer animal. Todo mundo conhece alguém que já viu e até prendeu um lobisomem, mas não conheço ninguém que tenha realmente visto um.
Desde criança sempre fui fascinado pelo espaço, e, claro, pela Lua. Nordestino que sou, não conheço nada mais lindo na Terra do que a Lua cheia a pratear os pastos e caatingas do nosso sertão. Cresci ouvindo estórias de lobisomens, São Jorge e o dragão. Na roça, a Lua cheia era um convite a longas caminhadas pelas estradas e trilhas da caatinga. Na cidade, serenatas e namoro. Da janela do meu quarto, um telescópio que, aliás, além da Lua, observava outras coisas bem menos acadêmicas.
E foi assim que eu me vi numa linda praia, iluminada pela Lua cheia, com um grupo de amigos e amigas. Tal e qual Taiguara, com a sua Maria do Futuro, eu peguei a minha “Maria” da vez pela mão e saí passeando pela praia, um olho na Lua e outro nela. O luar nos convidou, o mar nos temperou, ela me envolveu, e acabei sendo casado com ela. Me lasquei!
Portanto meu amigo, se algum dia você me ouvir uivando para a Lua, não é que eu virei lobisomem não, é choro mesmo, de quem perdeu a liberdade.

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