sábado, 28 de novembro de 2009

Crônica da Semana


Alcides, o quebra galho

Alcides era uma espécie de coringa. Garçon, cozinheiro, porteiro, juiz de futebol, locutor e mais um monte de coisas. Faltou alguém, chama o Alcides. Trabalhando naquele luxuoso clube de campo desde a sua fundação, conhecia todos os sócios, suas esposas, seus filhos, e a todos tratava bem e era bem tratado. Pra ele não tinha tempo ruim. Precisou ele tava lá. Mas era também muito espirituoso, discreto e apaziguador.
Certo dia ele estava na portaria quando chegou um velho associado trazendo pelo braço uma prostituta. Ciente da confusão que podia dar, Alcides tentou contornar a situação. Chamou o homem de lado e disse: “Doutor, o senhor não pode entrar no clube com uma prostituta”. O velho sócio então, radicalizou: “Não posso não, meu filho? Então você fica com esta aqui que eu vou lá dentro buscar as que já foram, as que são e as que estão pra ser prostitutas”.
Mas Alcides tinha jogo de cintura e não se deixava abater.
Num outro dia, atuando como juiz num jogo de futebol do campeonato interno do clube, apitou, marcando uma falta. Da platéia, no silêncio da noite, se ouviu uma voz protestar: “Marque esse jogo direito, seu corno preto!” Indignado, Alcides parou o jogo, botou a bola debaixo do braço e se dirigiu à platéia: “Olha vamos organizar. Ou é corno ou é preto. Os dois não, que aí também já é demais”.
Conhecendo sua boa índole, os rapazes se aproveitavam para coloca-lo em situações vexatórias. Certa vez, pediram-lhe para narrar, pela rede interna de auto falantes, um jogo de futebol, e deram-lhe a escalação do time da “casa”, onde constava um jogador chamado Jacaré. O que não lhe disseram é que o tal do Jacaré não gostava nada do apelido, e era um sujeito violento.
Bola vai e bola vem, Alcides narrava o jogo: “...lançada a bola no meio para Jacaré, Jacaré matou no peito, baixou no terreno... (!??) ...senhoras e senhores, inexplicavelmente Jacaré pegou a bola com a mão e parou o jogo (!!!???) ... e vem em nossa direção... !!!??? Socorro!”
Nas nada disso perturbava Alcides. Ele só se desesperou mesmo foi quando num dia em que ele servia de garçom em volta das piscinas, e de repente, apareceu uma mulher vestida do jeito que veio ao mundo. Tranqüilamente ela se espichou numa espreguiçadeira e chamou Alcides, pedindo que lhe trouxesse uma água de coco. Alcides trouxe, e ficou por ali, olhando pra mulher com ar intrigado. Ela então, com ar desafiador, lhe perguntou:
- Que é? Nunca viu mulher nua não?
- Já, sim senhora. O que está me intrigando é que a senhora não trouxe bolsa e eu quero ver aonde a senhora guardou o dinheiro pra pagar a conta.

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