sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Helena Conserva, a “Domadora de Câncer”, volta para sua terra


Natural de Serra Talhada, sertão de Pernambuco, distante 400 quilômetros da capital, Recife, Helena Conserva chegou a Feira de Santana em 1991, após o fim do seu primeiro casamento. Segundo ela, a maioria das cidades do interior no Estado de Pernambuco, ainda hoje convive com ranços culturais que determina a trajetória da mulher. O casamento deve ser pra sempre. A mulher deve manter esse casamento acima de qualquer coisa.
“Nunca aceitei esse projeto de vida definido para a mulher sertaneja. Separei-me e fui o pivô da separação. Violentei a minha cultura nordestina, quebrei um código de ética e de princípios e ainda fugi pra cá, porque aqui havia uns parentes distantes que me receberam. Minha tia Nina foi muito corajosa me acolhendo. Vim buscar o meu espaço e encontrei muito mais. Casei novamente, tive duas filhas baianas, me separei novamente. Aqui encontrei oportunidades de escrever e ter meu leitor”, revela ela.
“O estado da Bahia pagou meus estudos, hoje sou professora de redação proprietária do meu estabelecimento de ensino. Aqui escrevi e publiquei minhas pesquisas, minhas verdades e minhas invenções que viraram literatura. Ajudei a criar a Academia de Letras e Artes, ajudei na fundação da Biblioteca Espírita Joanna de Ângeles, fundei o SOS MAMA, que fabrica e doa próteses a mulheres mastectomizadas. Interagi com o movimento literário e jornalístico”, conta Helena Conserva.
“Não posso sair de Feira, da Bahia, apenas dizendo obrigada. Também não posso sair à francesa, ou antes, à pernambucana. Vou embora porque fui acometida por câncer em 2006 e agora ele retorna com metástase óssea na coluna cervical e torácica. Da primeira vez enfrentei tudo sozinha, mas agora decidi que quero estar perto de meus familiares e eles estão me aguardando desde julho. Desde julho que digo que vou e não vou. Mas agora não tem mais como protelar, o tempo urge. É com uma tristeza sem tamanho, maior que o câncer, que eu vou embora da minha terra adotiva, Feira de Santana. Mas, antes de partir, dia 22 deste mês, às 19:30, eu pretendo reunir meus amigos no Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), para uma despedida com coquetel de lançamento de um livro: “Domadora de Câncer, Uma Carta Para Os Feirenses”, onde está escrita toda a minha experiência com uma doença que não é ruim, não o bicho, não é o fim. Uma doença abençoada, pelo menos para mim. Pois estou bem melhor agora, em todos os sentidos. O câncer não mata, porém a falta de informação para lidar com ele sim. É câncer que se alastra e mata. Convido todos para minha despedida”, finaliza.

Um comentário:

Nelia Mazzetty disse...

Conheci Helena Conserva hoje, agora há pouco mesmo, na AAPC e ela foi muito atenciosa comigo, apesar do pouco tempo, devido ao lançamento do seu livro.Desde que li seu blog me encantei por sua coragem, sensibiidade e força. Que Deus esteja sempre com você, Helena!