sexta-feira, 4 de junho de 2010

As luzes dos sons iluminando a alma




O nome dele é Gilvan Santana e chegou a Feira de Santana em abril passado, durante a Semana Santa, vindo do município de Capim Grosso. Ele é deficiente visual, para usar um termo “politicamente correto”, mas é cego mesmo. Não vê nada, só a escuridão absoluta. Para se locomover ele conta com a ajuda de um cunhado, Marinaldo, em cuja casa, situada no entroncamento de Tanquinho, ele se abriga. Marinaldo o acompanha e protege em todos os lugares.

Ele toca violão, guitarra, teclados e sanfona, mas não consegue sobreviver da sua arte. “Eu tocava nas bandas lá da região de Capim Grosso, mas o dinheiro era muito pouco”, lamenta.

Em Feira de Santana ele teve uma idéia: pegou uma tábua comprida, colocou trastes, como num braço de violão, esticou um arame, como se fosse um berimbau, e colocou uma bacia de alumínio emborcada numa das extremidades, como se fora uma cabaça.

Com o auxílio de um pequeno frasco de vidro e uma baqueta de metal, ele tira sons do rudimentar instrumento, como se fosse de um alaúde, e o resultado sonoro é agradável aos ouvidos dos passantes, que deixam moedas no prato, estrategicamente colocado á sua frente.

Segundo ele, vai voltar para sua terra natal, para “resolver problemas”. Dizem que os olhos são as janelas da alma. Para Gilvan, as luzes da sua alma são os sons que tira dos instrumentos que toca e que despertam e tocam os sentimentos das pessoas.

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