segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Faltou dizer



Recentemente tive a oportunidade de assistir a uma palestra do pacifista Cloves Nunes. Ele derramou números estatísticos sobre o aumento da violência, mostrando por A mais B que o Brasil é o país mais violento do mundo. Segundo os números apresentados por ele, morre mais gente por ano no Brasil, vítimas de homicídio, do que na guerra do Iraque. Ele também apontou o que julga ser meios para diminuir a violência no País. Entre eles, o desarmamento da população e mais investimentos na educação, entre outras coisas.
Os números são incontestáveis. Porém, sobre soluções para resolver o problema, além de não concordar em alguma coisa, creio que coisas relevantes não foram ditas. Eu não concordo, por exemplo, com o desarmamento da população, principalmente da forma como está sendo proposto. Com campanhas exortando a população a entregar suas armas a troco de uma indenização a ser paga pelo governo federal.
Não concordo porque quem entregará armas serão apenas as pessoas de bem, e ainda assim uma minoria. Bandido não vai entregar arma alguma. Quem tem que desarmar bandido é a Justiça, através das polícias. As pessoas de bem estão armadas para se defender e não para atacar. O que ainda contém, um pouco, a sanha dos ladrões e assaltantes, é a incerteza que eles têm sobre se as suas possíveis vítimas estão armadas ou não. Essa simples dúvida ainda impede que invadam tranquilamente empresas e residências para fazer o que bem quiserem. No dia em que eles tiverem a certeza que o cidadão está indefeso, as Polícias, que já não estão bem preparadas para o combate á violência, não vão dar conta do aumento de ocorrências.
Há populações muito mais armadas que a brasileira e, no entanto, seus índices de violência são infinitamente menores que o nosso. E aí eu também concordo com Nunes: É preciso mais investimentos na educação. Mas, quem está interessado nisso? Muitos políticos têm suas campanhas financiadas pelo crime organizado, e por isso não têm o menor interesse em investimentos na educação dos jovens, seus principais clientes e vítimas. Isso ele não disse.
Ele não disse também que os policiais estão despreparados, mal armados e mal pagos. Além disso, eles não têm acesso a moradia e transporte de qualidade, e seus filhos estudam em escolas ruins. O policial, que deveria ter um nível social elevado, vive em favelas, convivendo com bandidos cujos filhos são amigos e colegas dos seus filhos.
Também faltou dizer que os policiais, que deveriam ser amigos e amados da população, hoje são temidos por ela. É preciso reintegrar o policial à parte boa da sociedade. Ele precisa se sentir amado e admirado por arriscar sua vida diariamente em defesa dos seus semelhantes(?). Seus semelhantes hoje são os favelados, os desassistidos, os párias sociais. Muito mais poderia ser dito sobre meios para conter a violência.
Mas, faltou dizer.

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