Os nomes
delas são Das, Summer e Olivia. E sua função é nobre: ajudar a replantar
árvores em bosques do Chile que foram destruídos por incêndios florestais no
início do ano.
Cadelas da
raça border collie, elas enfrentam uma tarefa difícil. Carregando uma bolsa,
percorrem quilômetros de áreas devastadas pelo fogo e espalham semestes para
tentar fazer ressurgir as plantas.
O fogo
consumiu 467 mil hectares de terra na região de El Maule, área central do
Chile. Os incêndios deixaram onze mortos e milhares de pessoas desabrigadas.
Segundo o Ministério da Fazenda do país, houve um prejuízo de US$ 330 milhões
(R$ 1 bilhão).
Depois de
alguns meses, o reflorestamento feito pelas cadelas começou a dar resultados.
"Antes,
quando caminhávamos pelos bosques, ouvíamos um silêncio absoluto. Agora, já
escutamos o som de pássaros. Se levantamos uma pedra, encontramos
insetos", diz Francisca Torres, diretora da Pewos, uma organização
ambientalista que atua na região.
Torres
começou a levar suas cadelas para as áreas destruídas em março, mas o trabalho
com as sementes começou um mês depois. Bastante inteligentes, os animais foram
treinados para a tarefa pela ambientalista.
O fogo havia
transformado o solo em um tapete de cinzas. Agora, com as sementes e ajuda da
chuva, começaram a surgir pequenas plantas e árvores, além de algumas flores, o
que pode ajudar o retorno da fauna silvestre.
"Disseram
para nós que nunca mais iria crescer alguma coisa nos bosques, mas decidimos
tentar da mesma forma. Na época, pensamos: 'pelo menos os pássaros podem comer
as sementes'", conta Torres.
Eficiência canina
Além de
outros terrenos, as sementes, de plantas nativas do Chile, já reflorestaram 15
bosques queimados.
"Levamos
boldo, araucária, calêndula, camomila, peumo e quilaia (plantas chilenas). Elas
ajudam as abelhas e outros polinizadores na primavera", explica Torres.
Inicialmente, a ambientalistas e outras pessoas de
seu grupo comeraçam a recuperar os bosques manualmente, mas depois perceberam
que os cães poderiam cobrir áreas maiores, e de forma mais rápida.
Em cada uma
das saídas, que ocorrem uma ou duas vezes por semana, as cadelas percorrem entre
30 e 40 quilômetros. Com o treinamento, Das, Summer e Olivia aprenderam a
controlar os impulsos, diz Torres.
"Elas
sempre atendem aos chamados. E se veem algum animal selvagem, como as lebres,
não o atacam. Elas permanecem onde estão e nos avisam", explica.
"Isso nos permite saber se os animais estão voltando para a
floresta."
O retorno do verde
Por enquanto,
o grupo de ambientalistas não tem planos de aumentar o número que cachorros que
fazem o reflorestamento. Segundo Torres, treinar outros animais requer muito
tempo, além de mais voluntários.
O projeto
ainda é pequeno e depende do esforço do grupo - eles já ajudaram em outras
tragédias desse tipo. "As pessoas aplaudem nossa causa, mas poucas
ajudam", diz.
De todo modo,
o grupo está orgulhoso do trabalho, pois a vida está retornando aos bosques.
"Vimos cinco ou seis lebres. Pode não ser muita coisa, mas isso pode
significar que as raposas podem voltar também." (BBCBrasil)
Nenhum comentário:
Postar um comentário