terça-feira, 27 de setembro de 2011

Gil Porto e a promessa para São Cosme e São Damião


Oportunamente, estava eu a ler o livro do meu amigo Gil Porto, “Memórias do Véi Gil, dos 10 aos 90”, quando me deparei com a deliciosa estória da promessa que ele fez a São Cosme e São Damião, que, coincidentemente, estão sendo festejados esta semana. Até agora estou rindo.
         Trata-se do seguinte: Dona Wanda, esposa de Gil, com a morte do pai recebeu parte de uma fazenda como herança. Cabia a Gil administrá-la e torná-la produtiva. Ele tomou um empréstimo no Banco do Brasil para plantar milho. A idéia era limpar o campo, e uma vez colhido o milho, plantar capim para começar a criar gado.
         Porém, veio uma estiagem prolongada que colocava em risco a colheita da roça de milho. Num final de semana ele chegou à fazenda e recebeu da caseira, Dona Bernarda, de que lá estivera um fiscal do banco e partiu deixando o seguinte recado: “Diga a Gil que se chover nos próximos quinze dias ele ganha a roça. Mas, se não chover, ele perde tudo”.
Preocupado, Gil olhou para as paredes e viu num quadro as imagens de São Cosme e São Damião. Então fez a seguinte promessa aos santos: Se os senhores mandarem chuva e eu ganhar a roça, prometo fazer um caruru festejado com samba, em sua homenagem, todo ano. Mas se não chover, boto vocês num rabo de foguete e mando embora, porque lugar de santo é no céu”.
Poucos dias depois, caiu uma trovoada e ele ganhou a roça. Dali em diante, durante vinte anos, no dia de Cosme e Damião havia reza, com samba, cachaça, caruru, vatapá, efó, frigideira, feijão fradinho, farofa de dendê, tudo conforme o figurino, durante dois dias seguidos, com a participação de toda a família, amigos e empregados da fazenda. (Cristóvam Aguiar)

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