sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O Texas não é aqui

    O Texas era um território mexicano ocupado por numerosa colônia de americanos que ali se estabeleceram com o consentimento do governo daquele país. Aqueles valentes pioneiros trabalharam a terra bruta, enfrentaram a hostilidade dos índios e o ataque de feras da fauna local. Derramaram sangue e suor, mas, enfim, domaram a terra que era boa e generosa, excelente para pastos e criação de gado.

    Ergueram seus ranchos do nada, casaram, tiveram filhos, e gozavam dos frutos do seu trabalho. Até que um dia os mexicanos voltaram seus olhos de cobiça para o Texas e resolveram expulsar de lá os americanos.
 Os pioneiros, revoltados, começaram a se reunir em milícias e resistiam às ações dos mexicanos. Quando o general Sant’Anna invadiu o Texas com o seu exercito, os pioneiros reuniram-se numa antiga missão, conhecida como Álamo, e ali resistiram ao exército mexicano, dando tempo a Sam Huston montar um exército e expulsar os mexicanos.  Morreram todos, como os espartanos nas Termópilas, mas, por fim, o Texas conquistou sua independência e se tornou a República da Estrela Solitária, que mais tarde seria mais um estado da União americana.

    Toda essa aula é para dizer que a história se repete. Como no Texas, colonos brasileiros se instalaram em terras paraguaias, com o consentimento do governo daquele país. Do nada ergueram suas fazendas e lá também casaram e tiveram filhos. Uma vez domada a terra bruta, os paraguaios passaram a cobiçar aquelas terras e querem expulsar de lá os colonos brasileiros sem direito a nada. E, como no Texas, contam com o apoio das forças armadas daquele país.

    Nos dias de hoje os colonos brasileiros não têm como enfrentar um exercito, mas todos estão dispostos a fincar pé e morrer se for preciso para defender o que construíram com tanto trabalho, pois voltando ao Brasil seriam apenas mais um grupo de sem terra a invadir fazendas alheias.

    E o que faz o governo brasileiro para defender os interesses dos seus cidadãos? Nada. Pobres infelizes que tiveram o azar de nascer num país que nunca lhes deu nada, e não tem força nem vontade para auxiliá-los na defesa do que conquistaram. O mínimo que se esperava é que o governo brasileiro entrasse com firmeza na defesa dos interesses dos colonos, exigindo do governo paraguaio o fim das hostilidades e, se for caso, indenizá-los de forma justa, para que, voltando ao Brasil, possam viver com o mesmo padrão de vida que gozam lá, e não como mendigos, vagabundos, sem terra, sem teto e sem Pátria.

    Mas, sinceramente, não creio que isso venha a acontecer. O Brasil está mais empenhado em mandar dinheiro para os governos dos países vizinhos cujos governantes rezam por uma mesma cartilha que os nossos. Está empenhado também em recolher refugiados do Haiti, como se já não tivéssemos aqui desempregados e vagabundos à larga. Enquanto isso abandona um grupo de colonos brasileiros de reconhecido valor e capacidade de trabalho à própria sorte.

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo com você em gênero número e grau. Mas eu te pergunto: O que que eu posso fazer? O que que nós podemos fazer? Sozinhos não podemos fazer nada. Desculpe o clichê, mas uma andorinha só não faz verão. O que acontece hoje, é consequência de anos de descaso, abandono, indiferença... Não por parte do governo, mas por parte da nação que não se importa com o rumo que o país vem tomando há décadas. O avião tá caindo e o povo correndo atrás de pára-quedas, o barco tá afundando e o povo desesperado atrás de colete. Por quê, ao invés de buscar dispositivos de salvaguarda, não tentam impedir que o avião caia ou o barco afunde?
Parabéns pela matéria, é revoltante, nos faz refletir muito sobre a situação atual dos nossos "líderes" governantes.
Ao invés de postar um comentário, acabei desabafando.
Ass: André Luiz de Araújo Menêses.