sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Para o mundo que eu quero descer

Uma mulher encontra uma amiga de infância no elevador e antes que pudesse dizer: Oi, há quanto tempo a gente não se vê, foi inibida. A amiga entrou no elevador ouvindo música em fones de ouvido que se prendiam a sua cabeça em uma espécie de tiara rosa, com grandes pompons pink nas orelhas. Também manipulava o celular freneticamente, avançava as telas com o dedo e digitava no teclado virtual como se tivesse atrasada para uma reunião. Tinha o olhar fixo no iPhone. Ela estava praticamente abduzida pela tecnologia. Não notou ninguém. A porta se abriu no 12º andar e ela continuou em passos firmes para seu destino, sem largar o fone ou o celular.

Esse é o trecho de um relato de uma jornalista que publicamos completo no nosso blog. Esse é o mundo em que estamos vivendo. A tecnologia nos abriu muitas fronteiras, mas nos afastou demais de nós mesmos. Eu, que sou um consciente dinossauro, não troco nada por uma boa música, ouvida em níveis de suportáveis decibéis, em boa companhia, tomando um drink e saboreando algum petisco, de preferência em casa, ou na quietude do campo, e se tiver lua cheia melhor ainda.

Não participo de redes sociais, não vou a festas barulhentas, não tenho som no carro, uso um celular por dever do ofício, para fazer e receber chamadas, e o computador só para escrever, enviar e receber e-mails, e executar algumas outras tarefas inerentes à minha profissão. Na TV gosto de filmes e futebol, e acima de tudo não assisto realities shows nem novelas.

Gosto dos meus amigos, quero sempre estar com eles, mas não suporto gente chata, embora eu mesmo me considere um chato. Às vezes, ainda visito alguns amigos. Porém, certo dia fui com a mulher e um filho visitar um casal de compadres nossos. Chegando lá, estavam , ele e a esposa , em casa, rodeado de filhos, amigos e parentes, assistindo o Big Brother num telão. Eles haviam comprado o pacote  e ficavam o dia inteiro assistindo aquilo. Eu até que tentei entabular uma conversa, mas foi inútil. Como tenho simancol, vi que estava sobrando ali e tratei de me mandar com uma desculpa qualquer. Nem sei se me viram sair, porque estavam todos de olhos vidrados no telão.

Eu não entendo como alguém deixa o celular ligado num cinema, numa igreja, numa palestra, ou em qualquer lugar que requeira concentração e respeito às demais pessoas presentes no local. Se foi ali apenas para se mostrar, melhor procurar lugar mais adequado. Um shopping Center, por exemplo, que, aliás, é um lugar onde quase nunca vou.

Há realmente alguma coisa muita errada com alguém que prefere passar os dias on line e não perceber que o tempo passa e não volta. Diz-se que as drogas são um refúgio para quem não suporta a dor de viver. E, nestes casos, o computador é o que?Quer saber? Para o mundo que eu quero descer.

Nenhum comentário: