quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Dia Mundial do Compositor



“Compositor (feminino: compositora) é um profissional que escreve música. Normalmente o termo se refere a alguém que utiliza um sistema de notação musical que permita a sua execução por outros músicos. Em culturas ou gêneros musicais que não utilizem um sistema de notação, o termo compositor pode-se referir ao criador original da música. Nesse caso, a transmissão para outros intérpretes é feita por memorização e repetição. Em geral, o compositor é o autor da música e, como tal, é o detentor dos direitos autorais.
Através das notas musicais, acompanhadas ou não de letra, muitos aspectos de uma sociedade são revelados em termos históricos, sociológicos, estéticos e filosóficos.
A música expressa a cultura de um país ou região. E o compositor tem tarefa de revelar a cultura através de suas obras. Pode ser considerado um repositório do seu universo sócio-cultural. No Brasil, cada região tem suas músicas típicas, que caracterizam o povo e a cultura de cada lugar. O compositor consegue, através da melodia e da letra, transmitir, com precisão e beleza, os traços que individualizam cada cultura.
A música é sempre manipuladora das mais íntimas sensações - individuais ou coletivas - e de todo o mecanismo das emoções.
A música eleva, inspira, comove; mas também pode deprimir, agitar, conturbar. Cabe ao compositor traçar caminhos. E o fará através do domínio da técnica, do estilo, da estética”. (Com informações do site http://www.portoweb.com.br/ e Wikipédia)
15 de janeiro é o Dia Mundial do Compositor. Para prestar uma homenagem a esses profissionais, citamos aqui alguns feirenses natos ou adotados: Carlos Pita, Timbaúba, Beto Pitombo, Edmundo Caroso, Outran Borges, Jorge Magalhães, Jota Sobrinho, Aldo Melo, Suzene Galeão, Del Feliz e tantos outros. Mas, para não ser injusto com nenhum deles, deixo uma canção de um que considero um dos melhores e que aprendi a admirar desde a minha infância: Chico Buarque de Holanda. 
Construção foi a música escolhida para essa homenagem pelas seguintes razões: Trata-se de uma crônica social sobre a vida dos emigrantes do campo nos grandes centros urbanos o Brasil como Rio e São Paulo, neste caso, narra a vida, trabalho e morte de um pedreiro. É também um raro exemplar de composição feita com rimas totalmente em palavras proparoxítonas. Além do que no decorrer da execução há interessante jogo de palavras que muda o contexto das estrofes sem contudo modificar o conteúdo da crônica. A gravação de Construção é sequenciada por uma outra composição de Chico Buarque intitulada Deus lhe Pague, que trata do mesmo tema. Veja a seguir letra e vídeo de Construção.


Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir
Por me deixar respirar, por me deixar existir
Deus lhe pague
Pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
Pela fumaça e a desgraça, que a gente tem que tossir
Pelos andaimes pingentes que a gente tem que cair
Deus lhe pague
Pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
E pelas moscas bicheiras a nos beijar e cobrir
E pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
Deus lhe pague


Nenhum comentário: