Embora o apedrejamento médico seja um dos esportes
prediletos da atualidade, assim como o uso das falhas individuais-
existentes-para viabilizar ações de outros profissionais em atos
médicos, é incrível como a Sociedade tolera os espaços em que são
atendidos e as condições em que os médicos são obrigados a exercerem a
profissão.
São, em quase todo serviço público, condições selvagens,
sejam físicas, ou estruturais, com falta de equipamentos mínimos e
obrigatórios. A falta leva ao erro e o erro, a acusações contra o
médico, nunca contra o gestor da saúde. É como se o médico, por ser
médico, pudesse prescindir de exames, de um cardiotocógrafo pra ver a
evolução de um parto, um eletro, desfibrilador, medicações de suporte.
Isto, em um sistema em que as Centrais de Regulação transformam em
fatalidade as esperanças.
Há situações tão insalubres que se fossem com outro tipo de
trabalhador seria considerado trabalho escravo. As fiscalizações
cumprem um faz de conta com os serviços públicos e a população não tem
ideia dos riscos a que ficam submetidos ou das chances de sobrevivência
que lhe são tiradas pela falta de recursos.
Definitivamente, o modelo administrativo da saúde,
público, não funciona; o terceirizado, funciona, mas é restrito, ainda
que preferível. Melhor um pouco que resolve, do que um tudo que ilude.
Assim, neste impasse, na desorganização, na escassez de
suporte, pacientes e médicos se expõem a um apocalipse assistencial que
mata e quando não mata, lesa. A ambos.
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