É impossível
ser feliz sozinho. E nem é só porque Tom Jobim tinha licença poética para dizer
isso: ter uma vida isolada demais de fato compromete bastante nossa saúde.
Sabe-se, por exemplo, que a solidão muda a estrutura das células, nos faz sentir
frio, mata tanto quanto o cigarro e é contagiosa – ou seja, deixa quem está próximo a você se
sentindo desamparado também. E um novo estudo, publicado no jornal Personality
and Social Psychology, detectou mais um aspecto negativo em se levar uma
vida muito reclusa: quanto mais sozinhos, temos menos empatia com os outros e
mais nos tornamos egoístas.
A explicação
para esse comportamento surge ainda com os primeiros humanos. No começo da vida
em sociedade, a solidão indicava a necessidade de se reaproximar do grupo – um
verdadeiro gatilho para nosso instinto de sobrevivência. Enquanto estar em um
bando era a garantia de uma vida mais segura, ficar sozinho significava ter de
lidar com os riscos mortais da vida selvagem sem a ajuda de ninguém. Era
natural que os solitários, dessa forma, desenvolvessem um maior senso de
autopreservação. Afinal, farinha pouca, meu pirão primeiro, já diria o ditado.
A estratégia
de cuidar apenas da própria pele sem considerar o restante, porém, é um tanto
perigosa. Tudo porque as relações entre as pessoas são uma via de mão dupla,
onde aparece também o efeito contrário. Pode reparar: quem aparenta se importar
apenas consigo mesmo costuma ser mais difícil de se lidar. Seu egoísmo
normalmente afasta as pessoas e aumenta sua própria solidão, completando um
incômodo círculo-vicioso.
Todas essas
conclusões apareceram em um experimento, que analisou 229 norte-americanos de
meia idade moradores de Chicago, nos EUA. O grupo foi monitorado por dez anos,
sob dois aspectos principais: solidão e egocentrismo. Os resultados, claro,
apontaram para uma relação direta entre ambos. Segundo o estudo, isso não teve
relação com fatores como depressão ou negatividade, e sim, foi consequência do
sentimento de desamparo das cobaias. Quando uma pessoa demonstrava se
sentir mais sozinha em um dado momento, mais chance elas tinham de se colocar
mais à frente dos outros quando retornava para a avaliação do ano
seguinte.
Que tal
chamar aquele parceiro que você não vê há tempos para tomar um café? Pode ser
que ele – ou você mesmo, por que não? – esteja precisando de uma boa dose de
amizade. (Super Interessante)
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