Perguntaram-me o que eu sabia sobre a
vida e morte da Princesa Diana (Lady Di, para os íntimos, e “Princesa do Povo”,
para a patuleia, a plebe ignara). Com a franqueza que me é peculiar, respondi que
muito pouco sei, até porque não costumo me interessar nem comentar sobre a vida
alheia. Sempre fui muito ocupado e tinha coisas mais importantes a fazer.
Contudo, nessa “Aldeia Global”, que está a cada dia mais aldeia e a cada dia
mais global, é impossível que não nos cheguem aos olhos e ouvidos os mexericos
das “Candinhas”, sempre atentas à vida alheia e desatentas para com suas
próprias vidas.
De sorte que fiquei sabendo que Diana
era uma jovem plebeia britânica que caiu nas graças (ou seriam desgraças) do
filho retardado da Rainha da Inglaterra, Elisabeth II, que para sacanear a mãe
(a véia morre, mas não lhe passa o trono), e toda a realeza, implicou de
tirá-la da ralé, casando-se com ela e levando-a para o Palácio de Buckingham,
tornando-a na Princesa Diana. Durante todo o processo, a Rainha teve diversos
chiliques, e só não morreu porque ela decidiu que só morre depois do filho
rebelde e desmiolado, e palavra e Rainha não volta atrás.
Ocorre, entretanto, que o príncipe, que
de encantador não tem nada, pois é feio pra burro, é um rufião desgraçado que
atormenta dia e noite as cortesãs (algumas muito tesãs mesmo) e camareiras do
palácio. Diz-se que Charles não pode ver um pinto cagando. Sendo assim, pular a
cerca passou a ser uma rotina na vida de casado do Príncipe. A Princesa,
coitada, ainda neófita nos costumes palacianos, só fazia chorar e se lamentar,
até porque pulando tantas cercas e muros (muro de palácio é alto pacaray),
sempre chegava em casa cansado demais pra dar a devida assistência conjugal à
bela jovem e fogosa Princesa com a qual se casara. Sendo oriunda do povo, e
povo é bicho malestroso, Diana logo superou o trauma inicial causado pelos
chifres que lhe enfeitavam a testa, e partiu para dar o troco.
E nesta coisa de toma lá, dá cá, chifre vai
e chifre vem, eis que Charles se apaixona por Camila Parker, a “Duquesa da
Cornualha”, título esse deveras muito apropriado. Diana, por sua vez, como
mulher oriunda do povo, também se apaixonou por um plebeu, o milionário indiano,
Dodi Al Fayed. Nesta troca, pelo menos aparentemente, do ponto de vista
estético, Diana saiu ganhando, porque enquanto Camila Parker é feia pra burro
(ou melhor, pra jegue, porque tem o rosto parecido com o dos jumentos do nosso
Nordeste), Al Fayed é um sujeito bem apessoado, estando mais pra príncipe que
pra sapo.
Talvez tudo se acomodasse porque os
pares formados nesta suruba real, pareciam feitos sob media, um para o outro e
vice versa. Mas o povo inglês (ah! Povo é povo em qualquer lugar do mundo),
adora um fuxico, um disse me disse, uma conversa de comadres, essas coisas
próprias do povo. E a imprensa britânica também não se faz de rogada e não mede
esforços para dar ao povo o que o povo mais gosta: fofoca. São milhares de tabloides,
jornalecos, pasquins, especializados em mexericos na Inglaterra. O Palácio de
Buckingham onde mora a realeza vive cercado de repórteres paparazzi com câmaras
e gravadores vigiando e registrando tudo que acontece dentro e fora do palácio.
E assim foi que, mesmo já divorciada do sapo, digo, Príncipe, Lady Di não teve
sossego nem privacidade. Um dia, tentando dar uma escapada com Dodi para,
quiçá, tomar uma cerveja morna num Pub londrino ou apreciar o reflexo do luar
sobre o rio Tâmisa, tendo como pano de fundo a Torre de Londres, eis que o casal
foi perseguido por paparazzis.
Tentando fugir da indiscrição dos
jornalistas, o motorista perdeu as contas numa curva e virou o carro, morrendo
no acidente, ele e o casal desafortunado. Hoje em dia as mamães britânicas
quando vão colocar seus filhos para dormir, contam a história da “Princesa do
Povo” e seu amado, que nas noites de Lua Cheia e Fog intenso, cantam lamentando
seu trágico destino e suas vozes confundem-se com o coaxar dos sapos às margens
do rio Tâmisa.
P.S. Ufa! Nem
Allan Poe faria melhor.
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