Poucas empresas podem se dar ao luxo de
falar mal dos próprios produtos e saírem impunes. O Facebook é uma delas. No
último dia 15, o blog oficial da rede social publicou um texto em que dois
pesquisadores – funcionários do próprio Facebook – discutem o impacto
psicológico e social de passar o dia com a cara enfiada na timeline.
A primeira providência deles é admitir que
rolar a tela sem rumo, julgando o textão alheio, é mesmo a melhor maneira de
ficar na bad. “Nas mídias sociais, você pode passar pelos posts passivamente,
como quem assiste TV, ou pode interagir ativamente – mandando mensagens e
deixando comentários”, afirma o post.
Exatamente como ocorre ao vivo, interagir
com as pessoas com que você se importa pode ser benéfico, enquanto observar os
outros de longe faz você se sentir pior.”
Essas conclusões se baseiam em artigos
científicos (como este) que mostram que meros dez minutos diários de
observação passiva da vida de seus amigos, sem se engajar em nenhum tipo de
interação, estão diretamente associados a um estado de humor ruim ao final do
dia.
Outras pesquisas (como esta), revelam que olhar seu próprio perfil aumenta
consideravelmente a autoestima, principalmente depois que você leva uma
bordoada no ego e precisa de um afago. Fuçar o perfil alheio tem o efeito
oposto.
O post é uma espécie de mea-culpa,
necessária depois que Chamath
Palihapitiya – vice-presidente do
setor de atração de usuários do Facebook até 2011 – cuspiu no prato em que
comeu (não sem razão).
“Esse processo de retroalimentação que nós criamos, movido pela dopamina, está
destruindo o funcionamento da sociedade”, afirmou o executivo, fazendo menção
ao circuito de recompensa do cérebro – responsável por nos viciar em coisas
como cigarro e notificações. (Carlos Trentrini)
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